Estudo de caso: a oportunidade de ser um verdadeiro cavaleiro

Bárbara é uma mulher de 28 anos, que iniciou a sua vida familiar relativamente cedo. Em sua visão, foi mãe antes que pudesse se sentir pronta e se viu precisando assumir responsabilidades extremamente importantes. Recentemente, via-se mergulhada em sentimentos dúbios, pois ao mesmo tempo em que ama incondicionalmente seu filho, percebia-se cansada, indisposta, desmotivada para a vida, como se estivesse sobrecarregada por atribuições que, de certa forma, a privavam de viver outras coisas. Isso tudo estava gerando bastante sofrimento, pois automaticamente o sentimento de culpa era vivenciado. Bárbara também estava se percebendo frequentemente apática, para baixo, extremamente irritada com eventos cotidianos da vida, magoando-se com pessoas de seu ciclo social e escolhendo seu costumeiro isolamento. Tudo isso parecia estar vindo como uma avalanche de um vazio interior, uma desesperança nas pessoas e uma falta de perspectiva no futuro, sentimentos que, para ela, estiveram presentes desde que se entende por gente. 
Nesta regressão os mentores trouxeram uma grandiosa oportunidade de perceber alguns porquês de sua vida atual e buscaram fazê-la perceber sobre as riquezas presentes em momentos que, frequentemente, julgamos como desastrosos. Vamos mergulhar?

"Uma floresta nublada. Uma pessoa usando um capuz, montada em um cavalo branco, nesta floresta. A pessoa segura um bebê. Vejo alguém abrindo uma porta. Aquela pessoa entra a cavalo, desce do cavalo, mostra o bebê para a outra pessoa. A pessoa que estava na porta pegou o bebê e a outra entrou, como se fosse falar com alguém. Esta pessoa já tirou o capuz, está usando armadura. Entra em uma espécie de salão, onde há alguém sentado em um trono. O que está de armadura pede ajuda a este que está no trono, para cuidar daquele bebê. O homem não quer ajudar, há algum conflito rápido ali e o rei pede que os guardas o tirem dali. Ele sai, pega o bebê, sobe no cavalo e se retira.
O menino já cresceu um pouco, já está andando. Vejo o homem fazendo coisas de casa, cuidando desta criança sozinho. É uma casa simples e isolada. A criança o ama muito, vejo-a pulando nas costas do pai, sorrindo,  mas o pai tem o coração fechado, embrutecido. Ele pensa em outras coisas que deveria estar fazendo e está ali, cuidando da criança. A mãe deve ter morrido e ele ficou sozinho com o bebê.
Vejo ele mais velho mexendo com metais. Ele gostaria de ter sido um cavaleiro e acabou sendo um ferreiro. Está triste, levando uma vida medíocre aos olhos dele. O filho se prepara para ser cavaleiro e mostra sua armadura com orgulho. O pai não demonstra muita emoção, principalmente porque queria ter vivido aquilo. O menino já é adulto e sai para fazer as coisas de cavaleiro. O pai fica em casa, sozinho e amargurado. Ele se largou, está sujo, mal cuidado... Ele se mantém afastado com se ninguém valesse a pena, por opção.
Vejo uma batalha e o filho dele é ferido com uma lança. O pai é avisado por um cavaleiro que ele morreu. Ele não expressa emoção. Não consegue chorar, nem sentir nada. Fica atônito, mas não expressa nada. A casa fica no meio da floresta. Ele sai a cavalo, vai à cidade, mas volta e fica por ali, forjando as peças de metal. Triste. Uma vida vazia e sem propósito. Agora que o filho não está mais ali, a vida faz menos sentido ainda. Ele pede a Deus que o leve, pois não vê sentido de estar ali. Sinto uma dor na barriga. Tenho a impressão de que ele está bebendo algo. Fica prostrado na cama e a barriga dói. Ele se envenenou. Espuma pela boca, deitado. Ele cai no chão.
Ele está no meio do nada, com dor de cabeça, dor na barriga, sozinho, como em um campo gigante de lama. Ele passa mal ininterruptamente. Ele sofre. Ele nem anda, só se arrasta e há mãos que o agarram no chão. Há outras pessoas sofrendo também, é um desconforto, um mal estar... Ele se rende, pede ajuda e chora pela primeira vez na vida, como se pedisse perdão pelo que fez.
Veio uma luz. Parece que o tira dali como um bebê no colo e vão subindo, como se aquela cena escura fosse ficando, literalmente, para baixo... Ele está em um jardim e vejo uma pessoa de armadura, que tira o "capacete", é um rapaz meio loiro, é o filho dele. Ele o abraça e se emociona de uma forma que nunca tinha demonstrado antes. Vejo ele deitado, como se estivesse deitado no nada, tudo branco. Sinto alguma coisa na cabeça. Há bastante luz nele, alguém com imposição de mãos, na altura da barriga. Ele pergunta ao filho onde está a esposa que morreu. Ele diz que ainda não é hora de ver. É hora dele descansar, melhorar. Ele passou muito tempo naquele lugar. Ele tem dificuldade de ver as coisas ali, porque tem dificuldade de focar no que é necessário, no que é bom. Como se fosse cego. Mas aos poucos ele percebe que há outras pessoas, uma vida ali. Vê o filho que estende as mãos para este pai, para o ajudar a caminhar, para mostrar tudo que há ali.
As pessoas acenam para ele e ele fica meio sem jeito, pois sempre foi uma pessoa meio fechada. Mas vai se acostumando. Ele encontra uma mulher que tem muita luz. Esse espírito o abraça, segura pelas mãos, dá as boas vindas. Como se chamasse ele para ver uma espécie de projeção, em que ele se vê em vários momentos da vida, onde ele vê o filho empolgado, tentando dar amor a ele e ele se negando a entrar na alegria, deixando os momentos passarem, cabisbaixo. Ela diz que a felicidade está nas pequenas coisas e às vezes aquilo que parece desastroso é uma grande libertação. É preciso treinar o olhar para isso. Diz que ele ficou sozinho porque quis, houve várias formas de mudar isso. E que ele deu fim à vida de forma precoce e mais uma vez precisaria voltar para dar valor à vida. Diz que a vida foi exatamente como ele tinha pedido. Ele não foi cavaleiro para aproveitar o amor daquela criança e ele não aproveitou. Mas que ele não se culpasse, porque essa era uma caminhada que o espírito ainda estava fazendo. Ele a abraça e sente o coração mais aliviado. Ele quer aproveitar o tempo, a vida ali, ajudar. Ela diz que ele precisa ter calma, que todo mundo tem uma segunda chance. Ele sente uma ansiedade, uma euforia para aproveitar tudo logo e ela sorri, como se estivesse diante de uma criança.
Ele faz um gesto com as mãos e cria uma espécie de bolha no ar, que vai com o vento, como uma bolha de sabão. Como ele fazia com o metal. Ele usa a habilidade que tem com as mãos para fazer coisas energéticas. Ele abraça as pessoas, leve, totalmente diferente daquele homem amargurado. O filho assiste a tudo isso feliz, ao lado daquela mulher. Os dois o vêem como se ele fosse uma criança, como se fossem muito mais maduros que ele.
Ele estuda sobre o amor, a culpa... Há um grande grupo na grama e uma pessoa que projeta ideias no ar, como num quadro. Passa a ideia de que quando nos amamos, somos capazes de amar outros adequadamente. O amor é a chave de tudo. Ele lembra do momento em que pediu ajuda àquele rei, porque queria ser um cavaleiro, para que o filho fosse cuidado por alguém. Mas o rei disse que aquilo era um problema dele, que ele tinha que se virar. Era o aprendizado dele, só ser pai, sem servir ninguém, mas ele entrou na amargura. O filho era um missionário, nasceu para ensinar o pai a curtir as pequenas coisas, mas ele não aproveitou. Ele sentia que tinha perdido tempo, mas que estava tudo certo, que ele tentaria outra vez.
'Ele cria formas energéticas para mandar ao mundo. Um trabalho aparentemente simples, mas as grandes obras estão nas pequenas ações. Nós queremos ser o cavaleiro e esquecemos da beleza de ser um forjador. A grandeza das coisas somos nós que colocamos. Pode ser uma grande missão, mas se não for feita de coração, é como uma viagem sem propósito. As grandes missões são muitas vezes mais simples do que a gente imagina. Não perder tempo com as coisas que parecem não estar certas, mas sim entender o propósito daquilo que se apresenta. Nada acontece na vida sem motivo. Há sempre um propósito em cada folha que se desprende. Com o tempo sempre acabamos percebendo aquilo que podia ter sido aproveitado. Mas essa triste constatação podia ser evitada vivendo o agora com paz e tranquilidade no coração.' Quem falou isso, por ironia do destino, foi o cavaleiro Evanoro Vermelho.
Ele está se preparando para voltar. Está feliz, despedindo-se, com a promessa de que vai aproveitar o hoje. Uma figura segura no ombro dele, como quem diz que vai dar tudo certo e que todos somos cavaleiros. (Esta figura tem uma roupagem que se assemelha a uma entidade que ela conhece como cavaleiro. Não o cavaleiro como conhecemos na história, mas uma entidade conhecida como cavaleiro, de roupagem diferente).
'Viva o amor. Ele está em nossa vida para ser apreciado, para nada mais. Viver a vida despretensiosamente, como se fosse o último momento, mesmo sabendo que não é. Até o mais forte cavaleiro é capaz de amar."


Com esta regressão Bárbara percebeu que sua tendência ao isolamento, à desmotivação, que os sentimentos de que está deixando outras coisas importantes de lado para assumir grandes responsabilidades são sensações que já vivencia há alguns séculos. Que tudo o que vive hoje nada mais é do que uma nova oportunidade de aproveitar o agora,  sem se deixar levar pela amargura de um ilusório "desastre" que esteja ocorrendo em sua vida. Ela percebeu que muito provavelmente aquele mesmo filho é seu filho de hoje, pela similaridade de comportamentos entre eles. O filho de hoje está sempre chamando ela para a alegria, para a leveza, para o amor e ela está frequentemente voltando seus pensamentos para tudo o que precisa fazer, para as responsabilidades ou para coisas, que nem ela mesma sabe, que poderia estar fazendo, se não estivesse ali, sendo mãe. Esses sentimentos estavam trazendo a mesma desmotivação de antes e também o sentimento de culpa, de não estar aproveitando o hoje como deveria. Ou seja, havia uma gigante tendência a entrar nos mesmos sentimentos e na mesma desmotivação, mas a consciência de não estar aproveitando o hoje, com uma drástica sensação de que cada dia que passa, é um dia a menos ao lado do filho, estava trazendo culpa. Agora ela compreende sobre suas tendências a certos sentimentos e compreende que várias sensações e pensamentos também ocorriam por sintonia com esta vida relatada. Agora ela precisa se recordar sobre a importância de viver o amor, viver a vida despretensiosamente e que, às vezes, este filho também é um grande missionário em sua vida. Viver o hoje, aproveitar o hoje, com leveza e paz no coração. Lembrar que todos somos cavaleiros em nossas grandes ou, aparentemente, pequenas missões.






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