Estudo de caso: o espírito viajante aprisionado em seu corpo.
Viviane veio à Psicoterapia Reencarnacionista com uma bagagem de consciência sobre o Mundo Espiritual bastante elevada. Desde muito pequena, viu-se como um "espírito velho", na forma de compreender as coisas, nos interesses, nas atividades que se propôs a realizar na adolescência... Por um tempo sentiu uma grande conexão e facilidade em trabalhar com cartas, meio pelo qual tinha acesso a inúmeras intuições bastante precisas sobre as pessoas.
Atualmente vive em Brasília e trabalha em um órgão público atendendo as pessoas. Sente-se satisfeita com o trabalho, é algo que flui com naturalidade. Está casada, tem uma vida estável e tranquila. Mas a questão de Viviane diz respeito a algo mais interior: ela se queixa de uma espécie de insegurança, que reflete bastante nos relacionamentos interpessoais, um misto de medo de julgamentos, sentimentos de inadequação, sentimentos de inferioridade. Tudo isso se manifesta pela atitude costumeira de se isolar. Apesar de ter uma tremenda facilidade para se conectar com o invisível e ter bastante consciência do que ocorre "do lado de lá", Viviane sente uma espécie de vazio, como se a vida não fizesse tanto sentido, sente que as coisas poderiam ser mais simples, podiam ser diferentes...
Ela se dá muito bem com as crianças, é como se encontrasse espaço para ser quem ela realmente quer ser: leve, desligada do materialismo como conhecemos. Este vazio, misturado com o sentimento de inadequação por vezes traz desânimo, desmotivação, despropósito, frequentemente começa algo e vai deixando de lado devagar...
Ela se dá muito bem com as crianças, é como se encontrasse espaço para ser quem ela realmente quer ser: leve, desligada do materialismo como conhecemos. Este vazio, misturado com o sentimento de inadequação por vezes traz desânimo, desmotivação, despropósito, frequentemente começa algo e vai deixando de lado devagar...
Nesta regressão, que não foi a sua primeira, percebemos um desligamento de sintonia de uma vida bastante significativa. Além de elementos de conscientização bastante profundos fornecidos por seus Mentores Espirituais. Ao final, duas mensagens trazidas por eles para que possamos compreender melhor por que esses sentimentos estão ocorrendo.
Esta vida foi visitada por meio de uma Regressão à Distância, com ela presente na sala, pois Viviane possuía questões de Hipertensão arriscadas.¹ Meu querido amigo e colega de trabalho Alexandre conduziu a regressão, eu deitei por Viviane e ela esteve ao lado assistindo a todo momento.
Vamos mergulhar?
"Percebi em alguns momentos uma pessoa que tem algum problema de locomoção. Tem os membros atrofiados. Uma dormência nos pés. Os 4 membros e a face atrofiados.
Vejo uma cena onde essa pessoa é alimentada pela mãe, com bastante dificuldade. Ela usa um lenço na cabeça e uma roupa comprida, como uma camponesa (a mãe). Há mais pessoas à mesa. A pessoa recebe a comida com bastante dificuldade. Essa mãe é muito dedicada com essa menina que deve ter uns 13 anos. A menina também a ama muito, mas é como se tivesse presa naquela situação. É como se a consciência dela não tivesse as limitações do corpo. Há uma comunicação muito forte entre a mãe e a menina pelo olhar. Chega uma hora que os irmãos e a mãe vão transportar a menina para outro lugar. Ela não se desloca sozinha, precisa ser carregada. É uma família bem cuidadosa com ela, bem amorosa.
Vejo como se ela estivesse sentada na varanda, do lado de fora da casa. O olhar passeia pelas coisas que ela vê, como se ela gostasse de ficar ali observando a natureza e as coisas de fora. A sensação é que a menina é muito consciente, sem prejuízo cognitivo. Ela admira muito as coisas que tem em volta. Se sente cerceada mas as coisas não perdem o brilho. Ela vive em uma espécie de prisão, mas consegue apreciar o mundo à sua volta. Ela vê os irmãos brincando na frente da casa e se agita do jeito dela, como se comunicasse a alegria dela do próprio jeito. Ela é bem limitada. A mãe a observa, cuidadosa, cuidando dos filhos à distância e sempre perto dela. Elas se olham, trocam olhares, como se se comunicassem assim. A mãe fala olhando bem nos olhos dela, com muito carinho. Ela não consegue se expressar, mas entende tudo.
Vejo um veículo chegando, com cavalos. Quando as crianças veem o veículo chegando ficam apreensivas. A mãe também fica preocupada e retiram a menina da varanda e a levam para dentro. Fica ansiosa. A menina fica bem agitada, se remexendo muito na cadeira, como se quisesse fazer alguma coisa, mas não pode. Parece que essas pessoas chegaram para levar ela. São vários homens que entram na casa de forma brusca e a carregam no colo. Ela olha para a família muito agitada. A mãe tá chorando bastante, como se suplicasse que não fizessem isso e a menina é levada.
Ela está em uma sala e há mulheres que parecem enfermeiras. Ela olha para elas como se tivesse muito medo de estar ali. Uma mulher abre o olho dela como se examinasse dentro do olho. Há muita gente circulando. Muita gente mexia nela, como se a examinassem, fazendo algum teste clínico. Os pés, as mãos, o rosto. Ela não entende nada, está como se estivesse em situação de perigo. O olhar transmite o que ela está sentindo. Ela se sente incomodada, não queria estar sendo tocada. Sente raiva e medo.
A mãe permanece em casa chorando muito, sentindo impotência. Os outros filhos tentam acalmar ela. Os enfermeiros não tratam ela com carinho, mas como se ela fosse uma aberração. A sensação é como se fosse um tipo de experimento humano. Manipulam o corpo dela de uma forma não muito carinhosa.
Vejo ela deitada em uma cama, como se fosse um hospital, um manicômio. O quarto está todo escuro, só entra um pouco de luz de uma janela pequena, por onde ela vê a lua. Agora ela tem olhar de tristeza, melancolia, não mais de contemplação.
É uma situação bem triste. Amanhece e ela pensa "mais um dia". Eles entram e pegam ela novamente, levando ela para outro lugar. Tem uma enfermeira ali que não compactua com o que é feito ali. Ela espera a primeira oportunidade das outras saírem, para conversar com a menina e a menina percebe isso. Olha para ela sem medo, mas reconhecendo os sentimentos que a enfermeira tem. Ela é muito sensível e consegue captar exatamente o que as pessoas pensam e sentem.
Essa enfermeira se abaixa e diz que irá ajudá-la a sair dali. Faz isso de forma escondida. É mesmo um manicômio, um depósito de gente, um asilo, com vários enfermeiros andando de um lado para o outro. Essas enfermeiras têm alguma ligação com a igreja, como se fossem freiras.
Está de noite. Ela está deitada na cama e chega escondida a enfermeira que disse que ia ajudá-la e coloca ela sobre uma cadeira de rodas. O lugar está todo escuro, não tem ninguém circulando. Parece ser de pedra por fora, bem escuro. Ela corre com a menina no escuro, olhando para trás para se certificar que ninguém notou, mas alguém notou e ela corre ansiosa, como se estivesse fugindo. A menina está pensando que gostaria que algo muito ruim acontecesse para ela se libertar daquele corpo. Como se ela desejasse dar um fim àquilo tudo.
Alcançam elas. Vejo a enfermeira sendo pega pelos dois braços por homens que parecem guardas. Ela chuta o ar tentando se soltar. Uma enfermeira bate nas costas da menina com uma espécie de chicote e ordena que seja levada de volta.
Sente desânimo de novo. Quase se livrou, mas agora retornava à situação.
Parece que essa mãe ficou muito triste. Vejo ela sentada na varanda no mesmo lugar que a filha ficava, como se tivesse perdido a razão de sua vida. Ela não via graça em nada. Existe uma conexão entre a filha e a mãe mesmo à distância.
A menina foi jogada na cama e trancada no quarto. Muito triste. Ela suplica a Deus para encurtar logo tudo isso.
Ela está bem mais velha, no mesmo lugar. Tem o cabelo todo branco, envelhecido. Vive a mesma rotina de sempre, como se fosse um experimento, um objeto. Elas não respeitam nenhum sentimento que ela possa ter. Quando ela fica incomodada, agitada, ela apanha das enfermeiras. Toda noite é a mesma coisa, ela olha para a janela e vê a luz da noite entrando.
A "menina" vê a mãe no quarto, iluminada e quando se reeencontram, é aquele amor de sempre. Ela não acredita no que está vendo. Acende amor em seu coração e a mãe se ajoelha, diz que tá tudo bem, que o sofrimento acabou. Ela se emociona muito, como se finalmente tivesse chegado o fim, finalmente se libertou. Outros vêm junto com a mãe, a colocam deitada na maca e a transportam.
Ela está se sentindo bem segura e acalentada. Ela dorme bastante e recebe muito tratamento. Os pés vão melhorando. Os membros estão sendo muito trabalhados, para fazer o perispírito voltar à forma normal. Eles colocam alguma coisa nos membros para endireitá-los, como um gesso, colocando os membros no lugar correto. Ela vai sentindo novamente a sensação muscular. Ela continua se comunicando com a mãe pelo pensamento. A mãe passa para ela a ideia que vai ficar tudo bem, que está tudo bem, que ela permita o tratamento. Ela está com a consciência clara como sempre esteve. Ela se sente tranquila, sem apreensão, sabe que é seguro.
Já está com o rosto e membros normais. Tem toda uma equipe cuidando dela e a mãe que sempre cuidou dela. Ela está bem mais jovem, mas com a forma física perfeita. Sinto dormência, em especial nos pés. Ela se acostuma lentamente a se movimentar. Se acostuma com as pernas novas, os braços. Ela usa uma roupa de hospital. Faz como se fosse uma fisioterapia. É como uma reabilitação e ela vai retomando a mobilidade.
Ela está mais nova do que antes e pula com outras crianças, como em um jardim. Ela retomou a beleza do olhar dela. Se sente bem integrada à natureza onde ela está. A mãe continua com a mesma aparência e já tiveram várias vezes juntas. É um amor incondicional de 2 espíritos afins. São cenas muito amorosas dessa mãe dando carinho para ela, ela abraçando a mãe, beijando, dizendo o que sente. Ela assume a forma de criança porque gosta da leveza.
Ela ajuda pessoas que chegam muito pesadas lá, a se reconectarem com essa leveza. A deixar todas as coisas negativas para trás, se conectando ao positivo. Ela saltita entre as pessoas em tratamento e dá uma flor a cada uma delas, como para alegrá-las.
Ela sabe que existe uma grande incongruência entre o que ela é e o que ela assume quando retorna para a Terra. Lá ela sabe todas as necessidades da reencarnação, tem espírito livre, leve, despretensioso. Há algum tempo ela volta (reencarna) para trazer essa mesma leveza para a vida aqui (na Terra). Ela veio presa ao corpo, junto à mãe, para trazer leveza àquela família. Por vários motivos ela precisou enfrentar aquelas provações e ser leve, apesar de vivenciar tudo aquilo. É um espírito que tende a ser muito consciente e quando vem para a Terra, sente a necessidade da leveza, mas quando surgem situações difíceis, desanima e quer logo retornar. Quando volta ao mundo espiritual ela compreende que busca resolver isso há algum tempo, trazer leveza para a vida física, sem a necessidade de voltar logo, diante das contrariedades.
Ela sabe que a vida material é só um estágio e sabe que a vida espiritual também é. Ela sabe que precisa estar ali e que é algo temporário, como a vida material. Mas ela se sente plena, não tem vontade de voltar, apesar de saber que é necessário retornar. Ela tem esperanças de trazer essa leveza para os estágios da vida na Terra.
Ela se despede da mãe, que volta à Terra e irá recebê-la mais tarde, novamente. Enquanto isso ela continua alegrando as pessoas, dando flores, saltitando, como uma criança alegre, leve.
Vontade de viver, euforia de criança, uma ansiedade boa, empolgação. Vi essa mãe de pé, do lado da Viviane, como se olhasse com aquele mesmo olhar de ternura. Tem bastante gente trabalhando, mas ela está sempre ali do lado, acompanhando ela. É uma das pessoas que a acompanham.
Ela diz que ela sempre está junto de você e que vocês continuam se comunicando pelo pensamento e que isso nunca será perdido. Nos momentos de tristeza, de angústia, ela te passa aquele mesmo amor pelo coração, que ela passava pelo olhar. A Viviane sabe disso.
'A busca do espírito viajante nesta Terra é a busca pela purificação, pelo brilho interior dessa luz que todos os espíritos carregam consigo. São centelhas divinas, são raízes dos céus, em busca da oportunidade de se integrarem ao grande todo universal. Sentir-se à parte do todo nada mais é que mais uma ilusão que meus filhos sentem na casca. Até o espírito mais consciente se sente à parte do todo. É uma ilusão que vamos desconstruindo aos poucos. Mesmo na casca é possível sentirmos a plenitude do todo. Para o espírito consciente, a passagem na Terra é apenas uma oportunidade de fortalecer a luz interior. A saudade é a ilusão do ser que acredita que está longe de casa, mas a casa habita o peito de todos. É uma casa imaterial. Basta nos conectarmos a ela. A vida material do espírito viajante pode muito bem ser pesada, ter suas provações e desafios, mas sua verdadeira função não é ser um fardo, mas uma bendita oportunidade de aprendizado. Para deixar o amor falar no lugar do ódio. Quem tem muito amor para dar, tem sempre a missão de auxiliar o outro a descobrir a própria luz em seu coração. Todos somos um, quando um cresce, o outro também, quando um ama, o outro também. Aproveitar a oportunidade bendita de poder habitar os planos terrestres, brincar com a vida, como uma criança, trazer amor e alegria e nunca deixar que as desilusões tirem o amor do olhar, tirem a esperança de um novo amanhã, tirem a alegria da criança interior. E vamos todos juntos, caminhando para um novo despertar. É necessário sermos deuses, deixando que a grandeza de Deus seja emanada por nós onde quer que vamos, como aquela criança. Devemos ser a obra do Criador, fazer a obra.'
'Quem muito olha para o chão buscando a razão da vida, perde a oportunidade de se conectar com aquilo que realmente importa. E se sentir aqui, é levar a vida a sério, mas nunca se esquecer, que o propósito e a razão da vida não se encontram no chão e sim no céu. Sabemos que as provações são difíceis e a vida é densa, que é difícil compreender o que já compreendemos. Mas a sabedoria não é dada de graça ao espírito. Tudo no universo tem sua utilidade. Quando se sentirem muito incomodados com a falta de consciência alheia, eis a oportunidade de ajudar esses espíritos errantes a observarem o céu para entenderem a Terra, com toda a paciência e amor, como ensinado pelo grande mestre. Pois somente dessa forma podemos ensinar a esse coração errante a buscar no céu o que deve fazer nessa Terra. Não há ninguém nesse mundo que não possa auxiliar ninguém. Não é porque tem mais consciência que devem se sentir à parte, devem conduzir a obra, pois o outro também é si mesmo. Todos fazem parte da luz. Ninguém chega ao pai sem estar de mãos dadas com alguém. Essa é a missão do espírito consciente. Paciência, tolerância, humildade, amor no coração."
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Com esta regressão percebemos que Viviane carregava uma sintonia com esta vida em seu inconsciente, mas também trazia questões de Reforma Íntima que se repetiam. Por ser um espírito consciente, como se evidencia nesta vida assistida e também na vida atual, carrega consigo, quando reencarna, a sensação de talvez estar no "lugar errado" ou estar "longe de casa", o que pode ser manifestado por meio de angústia, vazio, sentimento de inadequação, principalmente quando o espírito encarnado se encontra diante das adversidades da vida material. Mas como podemos ver na primeira parte da vida assistida e também, em especial, nos Planos Espirituais, é importantíssimo que, mesmo conscientes da vida espiritual, saibamos que a "verdadeira casa" da qual muitos sentimos saudades existe dentro do coração. É relativamente comum vermos espíritos mais conscientes vivendo vidas materiais de desânimo, de sentimentos de deslocamento, como se existisse uma saudade semiconsciente de um lugar diferente. Mas este sentimento é uma ilusão, é algo que precisa ser trabalhado, para que a vida material possa ser plena e para que possamos trazer a mesma leveza vivida nos Planos Espirituais para a vida cotidiana.
É conectar-se com elementos que nos ligam à nossa casa, que na verdade se encontra dentro de cada um e que liga um ao outro. É estarmos conscientes que mesmo na maior clareza da vida espiritual, é necessário promovermos um aproveitamento da vida material como uma gigante oportunidade de evoluirmos todos juntos, de mãos dadas.
¹ A Regressão à Distância é adotada quando uma pessoa possui condições de saúde que são contra-indicadas para a regressão, tal como Viviane, que sofre de Hipertensão. Este tipo de regressão ocorre exatamente como a regressão comum, no entanto, outra pessoa acessa o conteúdo ao invés de Viviane. Os mentores de Viviane mostram o conteúdo à pessoa que deitar por ela.
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