As armadilhas do Ego, o que isso tem a ver com a situação política atual?

Poderíamos classificar a nossa personalidade como um conjunto de características, negativas e positivas, que trazem uma cara a cada um. Uma personalidade que dita comportamentos, sentimentos e pensamentos, que traz tendências, padrões e repetições. Cada um com a sua personalidade, marcada por uma história enorme de acontecimentos, a grande maioria deles guardada sob uma memória inacessível, uma outra parte, influenciando nosso cotidiano de maneira inconsciente. 
Essa personalidade, quando vista sob a ótica reencarnacionista, é uma essência que nos acompanha ao longo de uma gigantesca história espiritual, na qual várias outras vidas e corpos existiram, com a finalidade de se lançar em ambientes e situações específicas e necessárias, para o reparo de erros, a conquista de acertos e a reforma íntima. Mas o que se observa? Que após séculos ou até milênios, pouco do que temos como negativo em nossa personalidade de fato se transformou. E por que isso ocorre? Porque ao mergulharmos na vida corpórea, perdemos a visão abrangente de nossa verdadeira essência, esquecemos de nossas jornadas antigas, esquecemos de nossos planejamentos, para vivermos sinceramente uma experiência do ego. E por que é necessário viver sinceramente e "cegamente" uma experiência do ego? Pois essa seria a maneira mais sincera, como o propriamente dito, de alcançar uma superação daquilo que ainda nos atrasa. De desenvolver aquilo que é necessário para avançar no projeto da vida. Porque é necessária a abstenção da consciência dos erros do passado, para escolhermos caminhos novos por meio de uma consciência do presente. 
O que poderíamos classificar como características negativas de personalidade que ainda fazem parte das personalidades humanas? Tudo aquilo que influencia sentimentos, pensamentos e condutas que nos fazem sintonizar com padrões negativos de energia, que por sua vez, atraem outros padrões negativos e assim consolida-se um ciclo vicioso, um ciclo moral vicioso. Entre essas características negativas, que podemos chamar de inferioridades, há as mais diversas coisas, desde tendências a cairmos em tristeza, mágoa, desespero, sentimentos de culpa, vaidade e orgulho, até a tendência a nos comportarmos de maneira imprudente, corrupta, egoísta, isolada, impulsiva e por aí vai... Condutas e padrões que estiveram presentes nos mais variados episódios de nossa história mundial, nos quatro cantos do mundo. Está aí um dos motivos pelos quais vemos diversas semelhanças entre atitudes cometidas no passado e atitudes que vemos serem cometidas no presente. Será porque seríamos nós, vários de nós, habitando em outros tempos, repetindo nossas inferioridades de maneira cíclica?
A oportunidade de encarnarmos mais uma vez na Terra é um grande presente para o espírito, que em sua maioria, pediu e batalhou muito por isso. Na consciência do nosso Eu Superior é plenamente lógico pensar que uma oportunidade de voltar é uma maneira mais rápida e honesta de alcançar a reparação de nossos erros e de nos lançarmos em experiências fundamentais para a nossa evolução. Por isso há um planejamento minucioso daquilo que o espírito precisará viver em sua próxima experiência encarnado. Pois não é um passeio à Terra, é uma missão, é uma oportunidade concedida por merecimento, em prol de um adiantamento pessoal. Mas todo esse planejamento é realizado pelo próprio espírito, que com o apoio de outros espíritos já mais adiantados, consegue escolher aquilo que ele sabe que necessita, com os mais variados objetivos evolutivos. 
Entre as escolhas que fazemos, estão, por exemplo, as famílias que nos receberão. Somos incapazes de compreender, por completo, enquanto encarnados, os motivos pelos quais escolhemos tal ou tal pai e mãe. Mas podemos ter uma pequena noção do por que foram escolhidos. Além disso, em que cidade e país escolheríamos nascer, que tipo de dificuldades e facilidades enfrentaríamos, que tipo de trabalhos planejaríamos exercer. Esse planejamento minucioso abarca não somente uma oportunidade de entrarmos em contato, por meio de eventos e relações com o mundo externo, com nossas inferioridades. É também uma oportunidade de reencontrarmos espíritos com os quais temos relações de cobranças, de débitos, a fim de que possamos repará-los por meio de sentimentos e relações positivas. Ao mesmo tempo em que as relações e os sistemas serviriam como benditos gatilhos para nossas inferioridades, serviriam, também, como situações reparadoras, nas quais precisaríamos desenvolver sentimentos e condutas contrárias às que estamos acostumados. Mas o que dizer sobre as armadilhas?
É fácil pensar que, uma vez esquecendo do passado e de quem realmente somos para enfrentarmos uma vida corpórea, sobra-nos a experiência do Ego e todas as suas limitações. Nessa experiência, impera a nossa Personalidade Congênita, extremamente recheada por inferioridades e mecanismos egóicos de enfrentamento da realidade. Assim, caímos em ilusões frequentemente, acreditando que nada temos a ver com aquilo tudo que ocorre à nossa volta. Por exemplo, se vivemos uma situação, com outra pessoa, que nos desperta desprezo por ela, pois esta pessoa nos tratou com descaso, rapidamente atribuímos a negatividade de nosso desprezo à atitude primária da pessoa, que nos fez pouco caso. Essa situação cotidiana fala de uma pequena oportunidade de entrar em contato com a nossa tendência a sentir desprezo por outras pessoas, talvez por um senso de autoritarismo, por uma inaceitação à divergência do outro, ou por uma série de questões que dizem respeito a cada um. Nesta situação, nosso Ego está destreinado a perceber que o sentimento de desprezo só se manifestou porque está presente dentro dele mesmo. Assim, atribui ao exterior a causa do desprezo. Exime-se da responsabilidade pelos próprios sentimentos, acomoda-se na posição de vítima de um outro que agiu com descaso. Este é um exemplo de ilusão. Que pode ser abrangido para as mais variadas situações. O Ego está destreinado a perceber os acontecimentos corriqueiros pelo olhar do Espírito. Então, exime-se frequentemente da responsabilidade de reformar os próprios sentimentos e atitudes e assim vai vivendo ano após ano, em sua zona de conforto, esquecendo-se de sua Reforma íntima.
Dentro das falhas do Ego e de todas as ilusões inerentes à vida encarnada, encontram-se também as armadilhas. Tratam-se de situações que colocam nosso Ego em contato com gratificações, objetivos e projetos que nada nos ajudam na evolução. Pelo contrário, são soluções e objetivos cotidianos superficiais, que ilusoriamente auxiliam a melhora ou a conquista de algo, mas na verdade apenas atrapalham o caminho. Entre as armadilhas, podemos citar, por exemplo, o uso de substâncias psicotrópicas para a solução de problemas emocionais. Por vezes acreditamos que elas são soluções mágicas para as mais variadas angústias. Momentaneamente trazem um entorpecimento das sombras interiores. Mas quando terminam, tudo retorna. E com o tempo, isso se torna um ciclo vicioso, como todos os sistemas com os quais estamos acostumados, vida após vida. Nada disso auxilia, de fato, a evolução do espírito, pelo contrário, só atrapalha o enfrentamento daquilo que precisa ser enfrentado. 
Mas finalmente entramos no assunto que se quer abordar... Uma das maiores armadilhas do Ego: a vaidade, o poder, a soberba, o orgulho e o egoísmo. Analisando neste momento a vida humana por essa perspectiva, quantas e quantas situações poderíamos taxar como armadilhas do Ego, que envolvem oportunidades de reformarmos os traços citados há pouco? Pessoas que necessitam reformar sua vaidade, por vezes podem enfrentar situações armadilha em que há sempre caminhos a serem escolhidos, entre eles um caminho que valoriza o Ego, o normalmente escolhido. E assim podemos imaginar as diversas engenharias dos projetos reencarnatórios, de acordo com a necessidade e com a trajetória de cada um. Mas vamos materializar essa reflexão. Por que vemos uma enorme ocorrência de corrupção na política brasileira? O que será que ocorre com essas pessoas, para elas agirem de maneira vaidosa e egoísta? Podemos hipotetizar, por exemplo, que muitos deles têm em comum uma reforma íntima em relação ao poder, ao autoritarismo, ao mau uso do dinheiro, enfim, às mais diversas coisas. O cargo de poder poderia, por um lado, ter sido uma escolha transcedental para enfrentar desafios cotidianos de reforma íntima, pois seria a situação ideal para pôr à prova diversas tendências de agir de maneira desonesta. Por outro lado, a vontade de se aliar a partidos e se lançar em um cargo público, o que por si só envolve dois caminhos, poderia ser uma enorme armadilha para o Ego, com a superficial crença de que é um caminho satisfatório para a autorrealização e extremo poder, mas na verdade, é apenas uma oportunidade de agir de maneira contrária. Assim, tomando essas reflexões como hipóteses e não como verdades exatas como receitas, podemos imaginar que a situação de poder, aqui analisadas como a política, são situações propícias para que cada espírito encarnado possa realizar sua reforma íntima e escolher estradas diferentes às que provavelmente já percorreram no passado. 
Mas a reflexão não para por aí. O que tudo isso tem a ver com a sociedade que assiste a atitude dos políticos? Será que cada pessoa que é "passiva" a isso está completamente isenta de responsabilidade por essa realidade política? Será que não há motivos para fazermos parte de uma população liderada por essas pessoas? O que a atitude delas diz respeito a nós mesmos? 
Foi dito no início que quando insistimos nas velhas estradas, repetimos as mesmas condutas e deixamos nossas inferioridades se manifestarem, por vezes estamos atribuindo ao externo a causa para tudo isso. Ao mesmo tempo, por nos deixarmos sintonizados frequentemente com esses padrões negativos, pelas Leis do Universo, atraímos para nós situações e consequências de vibração semelhante. Pois bem, associando uma coisa a outra, não seria plausível pensar que cada ser humano encarnado nesta nação encontra, na realidade política e nacional atual, uma enorme oportunidade de reforma íntima? O que será que a crise nacional implica na trajetória de cada um? Será que quando apontamos a corrupção do outro, que ocupa um cargo de destaque político, estamos apenas caindo nas velhas estradas e nos abstendo da auto-análise? Estamos esquecendo de perceber tudo isso como mais um gatilho para a nossa reforma íntima? Parece complexo, mas é muito simples de compreender... Todos fazemos parte desse sistema. Cada um em sua evolução pessoal, mas envolvido em diversas dinâmicas sociais que têm por função auxiliar cada um individualmente. Como podemos visualizar, então, a realidade nacional atual de maneira reencarnacionista? Por que estamos vivendo essa situação atual? Qual a utilidade dela a nível individual e coletivo? Será que aqueles que estão vivendo situações de poder são as únicas pessoas que precisam entrar em contato com suas tendências ao orgulho, à vaidade e ao mal uso do poder? Qual o tamanho da hipocrisia que repetimos quando nos abstemos dessa reflexão que também é interior?
Analisar as armadilhas do ego pode ser uma potente ferramenta para compreendermos por que vivenciamos diversas situações atuais. Muitos de nós ainda não compreendem que as situações coletivas, as realidades externas são apenas reflexos dos universos internos. Estamos implicados em um enorme sistema que envolve uma nação materialmente configurada como Brasil e cada indivíduo de sua sociedade. Cada brasileiro tem um motivo para estar aqui, um planejamento individual de reencarnação. Mas há diversos fatores que nos fazem semelhantes, não somente um fato isolado de termos nascido por aqui. O momento atual é de compreender sobre nossas velhas estradas e escolher novas alternativas. Se estamos acostumados com a revolta, o ódio e a vingança, eis mais uma oportunidade para percebermos que essas tendências não evoluem espírito algum. São armadilhas. Se estamos acostumados a nos ausentar de responsabilidade, de nos fazermos de vítimas das situações vividas ou da incapacidade de percebermos nosso egoísmo, eis uma oportunidade para percebermos que as situações que vivemos são plenamente necessárias para nossa evolução e são, em muitos momentos, meros reflexos do que somos realmente. Precisamos romper com os ciclos humanos do ódio e da violência, pois essas são as velhas estradas das civilizações humanas. Precisamos nos responsabilizar pela evolução do planeta, não nos eximindo de responsabilidades. Precisamos compreender que é necessário fortalecer um movimento de paz e solidariedade, começando pelos individuais, refletindo nos coletivos. Nossa situação atual pode ser uma armadilha na qual cairemos novamente, após séculos de tentativas, ou pode ser a vitória de cada um de nós, em nosso despertar de consciências. 




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