Estudo de caso: um resgate familiar em nome do amor

Vanessa veio à Psicoterapia Reencarnacionista buscar autoconhecimento. Mas sua situação naquele momento envolvia uma história familiar comprida. Ela era a segunda de três filhas, o que lhe proporcionou a vivência de sentimentos delicados, pois sempre se sentia entre as duas irmãs, a mais velha, que recebia o "posto" de maior responsável e a caçula, que era superprotegida. Por muito tempo ela se sentiu de certa forma preterida, deixada de lado nesta configuração familiar. Ela narra que a irmã mais nova sempre teve uma relação diferente com os pais, em especial a mãe. Ela e a irmã mais velha brincavam com a caçula chamando-a de adotada, pois notavam grandes diferenças entre elas desde muito pequenas. Vanessa narra que a criação dada pelos pais sempre foi muito protetora, no sentido de cerceamento, de viverem "dentro do mundinho" deles. Isso, com o tempo, mostrou-se algo prejudicial para elas, pois quando adultas, no momento de terem sua independência e lutarem por seus lugares no mundo, sentiram dificuldades. Como se não tivessem sido "criadas para o mundo". O pai sempre supriu as filhas materialmente, mas era afetivamente distante. A mãe supria as filhas afetivamente, mas sempre teve uma relação de grande dependência emocional em relação ao marido.
Após alguns anos, a família descobriu que entre várias dívidas existiam também alguns casos extraconjugais por parte do pai. Para algumas das filhas isso trouxe grandes sentimentos de traição e mágoa, mas para Vanessa não surtiu efeitos tão negativos. Esta configuração mudou muitas questões na vida da família, que passou a precisar auxiliar o pai a se recuperar financeiramente. Depois de um tempo, ele adoeceu e encontra-se até hoje acamado. A  filha mais velha e Vanessa atualmente vivem com os pais, continuam os auxiliando plenamente nos cuidados diários e na administração financeira da família. Elas se vêem ainda dependentes financeiramente deles, mas extremamente responsáveis por toda a organização e coordenação da família, inclusive pelo amparo emocional desta mãe, que transferiu grande parte de sua dependência emocional para as filhas e tem muita dificuldade de estar sozinha com o marido, por medo de que algo aconteça e ela não consiga auxiliar.
A filha caçula, atualmente, vive uma relação bastante afastada afetivamente da família. Desde muito cedo, ela procurou sair de casa. Casou-se, teve filhos, encontrou as próprias dificuldades com a vida material, em especial após a morte do ex marido. Por uma série de questões que se desenvolveram ao longo do tempo, hoje Vanessa se queixa de ter tantas responsabilidades em suas mãos, ter pouca oportunidade de conduzir apenas a sua vida e de perceber que a irmã mais nova encontra-se descompromissada e pouco solícita em relação às demandas da família, mas ainda desafia a realidade financeira porque está frequentemente recorrendo ao pai para seu sustento material. 
Vanessa chega à Psicoterapia, portanto, em uma situação de grandes responsabilidades, mas de grande vontade de construir a própria vida e conseguir delegar certas funções para as outras pessoas da família. Em suas primeiras regressões, os mentores fizeram um bonito trabalho de empoderá-la, de devolver a ela o sentimento de que ela pode segurar as rédeas da própria vida sem medo ou culpa, deixando que cada um dos outros personagens conduzam também suas próprias vidas, pois isso também é amor. Nesta regressão os mentores resolveram aprofundar no entendimento de tudo o que ela está vivendo com sua família atualmente, em especial sobre a necessidade de transformar sua relação com a irmã caçula, numa grande demonstração de reparação e resgate entre elas. Vamos mergulhar?

"Eu me vejo voando num céu bem claro. Estou vestida com roupas claras. Estou vagando pelo
céu, aparentemente sozinha. Nesse momento eu entro em um ambiente, um espaço, muito
branco, muito claro, estou vestida com uma túnica, uma bata branca, cabelos compridos,
muito compridos... É um lugar bem diferente, bem claro, bem claro mesmo. Nesse lugar eu
também não vejo ninguém. Eu me sinto em paz comigo mesma. Eu volto a
voar novamente, é uma sensação indescritível, não tenho palavras para demonstrar o
sentimento...
Agora eu vejo como se fosse uma cachoeira, é algo totalmente diferente, é um espaço muito
lindo, é uma queda d’água com um lugar verde ao redor, é uma paisagem muito muito
bonita... uma beleza muito bela, muito bonita... existem alguns pássaros, borboletas, mas é
tudo tão diferente... é como se eu estivesse em outro mundo. Eu entro, eu atravesso a queda
d’água, a Cachoeira, lá existe um mundo, com pessoas parecidas e mesmas vestimentas. Lá
parece que é como se a minha família estivesse me esperando, as pessoas me conhecem. São
pessoas familiares, mas eu não lembro quem são... Transmitem uma paz muito grande. No
centro existe um cristal, uma pedra muito parecida com um cristal, muito comprida. As
pessoas tocam nesse Cristal. É como se transmitisse uma energia para as pessoas que tocam. É
um ambiente extremamente claro, muito claro, como se fosse uma luz branca no ambiente, no
lugar... as pessoas estão circulando, mas não existe uma comunicação entre eles. É como se ali
fosse um santuário.
Eu saio, saio dali, atravesso novamente a queda d’água, caminho um pouco, como se fosse
uma grama bem verde, estou voando novamente. Eu não sei definir, não sei se estou num
hospital, ou se estou numa casa... estou acompanhando um parto, com a mesma roupa
branca... mas eu acompanho de longe. Uma criança nascendo... mas levo embora essa criança,
ela vai comigo. Uma criança linda. Mas ela deixa a mãe. E ela retorna comigo. Atravessamos a
queda d’água e eu retorno para aquele ambiente de luz, muito claro. Existe um círculo, cheio
de bebês. Eles estão num berço diferente. São várias crianças. Eu caminho com essa criança
com quem eu cheguei e coloco num berço que estava vazio. Esse lugar transmite uma paz muito
grande para essas crianças.
Eu me dirijo novamente até o cristal, é um cristal com uma beleza infinita, lindo, muito bonito!
Eu parto novamente e me vejo assistindo o nascimento de uma outra criança. É feito o corte
do cordão umbilical e eu levo novamente a criança comigo. É como se eu estivesse ali para
acalentar a criança, para ela poder sentir o desligamento e levo novamente para aquele
ambiente, onde existem várias crianças... cada criança tem um sorriso, um olhar, muito
expressivo. É como se eles falassem à alma. Eu consigo trabalhar em cada criança a alegria, o
retorno da alegria delas, a felicidade, o encantamento da infância e da busca pela essência. Eu
vejo a inocência em cada olhar, são crianças que precisavam apenas de algumas horas, de
alguns meses no ventre.
E assim foram vários anos naquele lugar, sempre buscando ajudar... Doar um pouco daquela
energia, que eu tinha um pouco a mais, para eles...

Agora estou brincando, estou correndo. Eu já me vejo como uma criança. Num campo bem
aberto, eu e uma outra criança. Existe uma casa e nessa casa tem uma varanda e lá existe um
casal, numa cadeira de balanço. Esse casal está observando a nossa brincadeira. Eu brinco
feliz... Mas chega um carro antigo, de lá sai um homem e entrega um bebê para o casal. Nós
duas corremos para ver, de repente tudo muda, aquela felicidade, aquela alegria...Aquela
criança veio mudar nossas vidas, nossa família já não é mais a mesma. Existe algo nessa criança
que me fez afastar, as duas foram afastadas, é como se aquele casal tivesse só olhos para
aquela criança. Então resolvemos nos afastar, já não existia mais alegria naquela casa.
Nós duas somos levadas para um outro lugar. É como se fosse um orfanato. Não... é um lugar,
é uma escola, só tem meninas. As freiras vão tomar conta da nossa educação, agora somos nós
duas.
E ali nós crescemos. Aquela alegria da infância não existia mais, aquela inocência de anos
passados, já não existia mais...
Depois retornamos para aquela imagem daquela casa, da varanda, aquele casal, mas a casa
não era a mesma. Eles já não estavam mais ali. Outra pessoa estava ali. Era aquela criança, a
criança havia crescido e se tornado uma pessoa muito amarga. Ali já não tinha mais espaço para a
gente. Partimos dali sem rumo, caminhamos pela estrada, uma estrada de terra. Caminhamos
muito, muito... após muito tempo caminhando, nós encontramos como se fosse uma vila, um
vilarejo. Ali poderíamos recomeçar nossa vida. Todas as habilidades que aprendemos com as
freiras, nós colocamos em prática naquela cidade, naquela vila. Eu e minha irmã dávamos
aulas, passávamos os ensinamentos ao ar livre para as crianças. E ali fomos passando nosso
conhecimento para outras pessoas. Era um trabalho muito bonito, era gratificante. Vieram as
crianças, depois vieram os adultos... E aí a gente amadureceu. Amadurecemos, passamos o
nosso conhecimento e aprendemos também muito!
Aquele mesmo casal daquela casa, daquela varanda, veio nos buscar... a casa que morávamos
foi destruída. Eles vieram nos buscar, pedindo perdão. Mas já era tarde, já não fazíamos mais
parte desse plano. Tudo o que eles haviam feito, não teria mais como reparar... voltar atrás,
voltar no tempo, não existia mais essa possibilidade. Mas ali estávamos novamente juntos,
estávamos aprendendo sobre o perdão, paciência e todas aquelas virtudes que não foram
trabalhadas... e agora tentamos agregar alguns conhecimentos que foram adquiridos com
outros.
Trabalhamos muito o lado sentimental, para que pudéssemos retornar... pudéssemos retornar
sem cometer os mesmos erros. Aquela criança que foi deixada com o casal, ela também
voltaria. Cada um voltaria com uma missão a cumprir. Aquele laço que nos unia nos trouxe
novamente . Para aprendermos a perdoar uns aos outros. Eu acredito que é isso...
Aquela criança voltou pra gente, ela sofreu muito... Muito... antes de vir pra gente. Ela veio
para que pudéssemos ajudar. Ela passou muito tempo presa em algo que eu não sei definir.
Após muitos, muitos anos, é que ela foi se juntar. Mesmo contrariada, ela fez parte daquele
vínculo. Pois precisávamos nos reencontrar.
Essa criança era muito difícil, o retorno foi muito difícil. Tivemos que ultrapassar barreiras,
para resgatar algo que precisava ser cumprido. Mesmo contrariada, nós conseguimos vencer.
O perdão e o amor prevaleceram sobre todas as barreiras. Nesse laço de união decidimos voltar
e cumprir aquilo que não tinha sido feito. Tudo isso é trabalhado antes de voltarmos. Ansiosos
pelo retorno, para que cada um cumprisse o que havia sido destinado, havia prometido...
Esqueceríamos todas as mágoas, todos os rancores e retomaríamos como uma família. Com os
mesmos laços, para cada um cumprir o seu papel. Eu e minha irmã aceitamos. Pois ali era uma
chance de resgate. Antes de voltarmos perdoamos. Todos. Voltamos para mais uma lição...
Eu me sinto angustiada, ao mesmo tempo um pouco revoltada, pelo fato dessa criança não
querer voltar, não se permitir ter uma chance novamente. Mas conseguimos. Mesmo com a
revolta, nós conseguimos trabalhar muito, muito... Estamos juntos, mas ao mesmo tempo
distantes... Como se ela estivesse ali de corpo e a alma dela não estivesse, estivesse distante...
Eu e minha irmã voltamos novamente. Eles ficaram. Eles estavam ali para aprender, para
superar todos os obstáculos. A criança ficou também, mas eu não vejo... Não vejo aonde.
(Como está se sentindo?) Com uma sensação de que a minha missão, a nossa missão ainda não
foi cumprida totalmente. Ainda falta buscarmos algo que ficou lá atrás. Que era para ter
cumprido e ainda não conseguimos...
Acredito que foi o suficiente, é algo que tenho pedido há muito tempo, para tentar entender
algumas coisas..."

Nesta regressão, Vanessa teve a oportunidade de reconhecer este núcleo familiar como o mesmo núcleo que possui atualmente, em especial aquela criança, que ela reconheceu como sua irmã caçula. Muitas das coisas que foram vividas nessa vida são similares com sentimentos vivenciados na vida atual. Vanessa conseguiu conectar os sentimentos que ela e a irmã mais velha tinham em relação à irmã caçula, com o fato de talvez terem recordações inconscientes de sua presença nesta vida passada. Elas sentiam um distanciamento em relação a ela, no sentido de serem muito diferentes e também sentiam, estranhamente, que ela pudesse ser adotada ou não ser uma filha legítima dos pais. Esta dinâmica aflorou entre elas coisas do passado que trouxeram certas dificuldades de convivência. Hoje, com a situação financeira e familiar atual, Vanessa e a irmã mais velha se sentem muito decepcionadas com a postura da irmã caçula, como se ela usurpasse de direitos que elas têm, como se por interesse se fizesse presente, mas não assumisse as responsabilidades que deveria assumir. Portanto, é importante perguntarmos de onde estão vindo esses sentimentos, por que a dinâmica entre elas tem sido essa, que tipos de resgates e reparações elas estão tendo a oportunidade de vivenciar. 
Ao mostrar esta vida, os mentores não buscam fortalecer em Vanessa o sentimento de revolta ou de decepção em relação à irmã. Pelo contrário, eles fazem questão de demonstrar que mesmo diante daquelas dificuldades, ela e a irmã mais velha conseguiram se unir e reconstruir a vida e, na vida espiritual, quando em contato com suas essências, tiveram a possibilidade e a capacidade de perdoarem os pais, de resgatarem o amor incondicional e de auxiliarem aquela irmã, que por alguma razão, sofreu muito enquanto encarnada e após o desencarne. Os mentores trazem, portanto, o entendimento da necessidade de se religarem à experiência e aos sentimentos vividos enquanto espíritos, o de união, perdão e amor, que foi o que impulsionou cada um desses espíritos a tentar retornar para reparar e resgatar esses laços na Terra. Da mesma forma que nos Planos Espirituais, trabalharem para acolherem e perdoarem esta irmã, que provavelmente possui sentimentos muito similares àquele tempo, de recusa, de isolamento, de sentimento de não merecimento. Eis uma grande oportunidade, planejada anteriormente, para que cada um desta família resgate aquilo que havia ficado para trás. Eis uma bendita oportunidade dessas irmãs se unirem, uma vez mais, em nome do amor. Então fica a consciência, o entendimento e a total possibilidade de utilizarem seus livre arbítrios para resgatarem de vez o que necessitam resgatar: o amor, a compreensão e a união familiar, na ocasião do adoecimento do pai, que gerou toda uma dinâmica que poderia favorecer este feito. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

20 perguntas e respostas sobre Regressão de memórias / Regressão terapêutica

Psicoterapia Reencarnacionista e Regressão Terapêutica