Estudo de Caso: do escravo ao caçador, a oportunidade de se conhecer melhor
Leonardo
veio à Psicoterapia Reencarnacionista buscando encontrar razões para a sua
existência. Há tanto tempo se dedicando a esferas do auto-conhecimento e do
desenvolvimento espiritual e energético, deparou-se com algumas indecisões em
relação a o que fazer com sua encarnação, pesando vários lados do raciocínio,
mas sentindo em seu coração o chamado para o auxílio na transformação da
Terra.
Leonardo
se percebe diferente dos demais, no sentido de sentir e pensar coisas que o faz
sentir-se deslocado da maioria, inclusive dentro de sua própria família. Por
vezes sente que gostaria de voltar para a sua origem logo, pois se desanima ao
perceber tantas coisas acontecendo de maneiras não benéficas ao ser humano.
Esta necessidade de fuga tem se materializado na grande vontade de sair do país
e fazer outras coisas em locais mais férteis para os seus anseios
interiores.
Ele
se percebe discreto, racional, com tendências a guardar para si o que sente e
pensa, com certa reserva social, mantendo-se sempre na superficialidade das
relações. Percebe um certo receio de julgamentos e um medo de abrir o coração a
relações mais profundas afetivamente. Narra que desde pequeno foi criado por
uma família muito exigente, que não poupou esforços em cobrar eficiência,
responsabilidade e sabedoria. Isso, por vezes, foi razão para ele ter uma
autopercepção um pouco desvalorizada.
Prestes
a tomar decisões extremamente importantes para a vida, Leonardo se depara com
dois primeiros capítulos de sua história passada e os Mentores o desligam de
duas experiências que o influenciavam ativamente de forma inconsciente. Ali
surgiram os primeiros insights sobre sua forma de existir e sobre raciocínios e
interpretações que ele estava imprimindo em sua existência. Vamos mergulhar?
"Parece
um lugar escuro, iluminação fraca, parece iluminação com vela refletindo nas
paredes e teto... Rosto de homem com nariz pontiagudo iluminado por essa luz..
Muitos homens em um salão, com janelas grandes, mesas dispostas nas laterais da
sala de forma em que o centro fique vazio, com roupas parecidas, de
portugueses, antigo, alguns sentados nas mesas, outros em pé atrás destes, o
piso é quadriculado e a imagem aparece como uma fotografia... Ambiente com
manchas escuras impossibilitando a visualização de mais detalhes... Ambiente
bem escuro, com material parecido com solo, esverdeados, com rajadas de tons
mais claros. Uma escada de rocha cinza escuro estreita com o final não visível,
estou nó pé da escada... Não consigo entender direito...
Parece
que estou no fundo de um poço, só vejo algo parecido com o solo... Marrom, com
rajadas mais claras... Estou sendo puxado por uma corda. Ao aparecer na
superfície vejo o que parece ser pessoas próximas do buraco a uma distância de
uns 5m, o solo é gramado e o buraco tem formato quadricular... Existe um homem
com vestimenta mais simples, calça, bota cano longo, camiseta branca
entreaberta, me puxa utilizando uma espécie de tripé, as pessoas paradas atrás
dele parecem nativos... Eles têm uma grande quantidade de árvores atrás deles.
Está aparecendo algo que não consigo identificar... É uma ponte de madeira
estreita com corda, um desfiladeiro embaixo, muito escuro, essa ponte parece
estar encoberta por árvores altas de um lado e do outro do desfiladeiro. Eu
vejo um movimento nessa ponte, é como se a visualizasse um pouco do alto,
lateralmente. Estão entrando em uma espécie de mata fechada, depois dessa
ponte. São pessoas com a pele pintada de marrom, crianças pequenas no colo
apoiadas na cintura, parece ter animais de carga também, parecem refugiados.
Estou nervoso, com vontade de chorar... Eu vejo pessoas amarradas pelas mãos,
com vários homens puxando, estão amordaçados. São pessoas com o tom de pele
branco, parece pintado de alguma coisa... Vejo cano de rifles saindo do meio de
uma mata densa. Algo parecido, não sei, com um capuz negro. Eu vejo o céu,
parte do céu... estou embaixo de uma árvore com uma copa muito alta, com uma
copo de cor opaca... Não consigo me mover, sinto como se estivesse amarrado a
esta árvore. Sinto frio no peito, parece que estou deitado, parece uma praia...
Vejo um pássaro preto grande caminhando por cima de mim... Parece que tem
vários corpos na praia, porém não consigo ver com clareza pois estou imóvel.
Sinto um peso sobre as pernas. Parece que estou semiconsciente.
Parece
água, é claro... A sensação que eu tenho é que eu estava num navio. Vejo um
homem de cima olhando uma espécie de pergaminho, parece um mapa... Existe um
homem à minha direita, com roupas que vi no salão (primeira situação), usa
botas, cabelo encaracolado parece uma grande peruca loira, parece a cabine e um
barco, navio, não sei, as coisas são feitas de madeira... Existem algumas
aberturas nas ripas de madeira. Eu vejo água, parece o fundo do mar, vejo
uma espécie de ancora raspando o fundo do mar e levantando areia... Sinto
como se estivesse enrolado em uma corda...Não sei o que está acontecendo. Sinto
meu corpo subindo pra superfície, a água é clara, está um dia bem
ensolarado, existe um barco menor, me puxado com uma corda, ao me aproximar do
barco tomei uma coronhada na cabeça e desmaiei. Sensação de estar sendo puxado
pra dentro do barco. Havia dois homens nesse barco. Sensação de que estava
tentando fugir de algo no momento em que estava na água. Tenho a sensação de
que são espanhóis. Um deles está olhando pra frente, com uma cicatriz no rosto,
cabelos escuros, chapéu. Meu corpo parece estar paralisado, mas eu consigo observá-los,
não sei se estou amarrado... Chegamos próximos do barco maior. Amarraram o
barco pequeno, estamos subindo. Existem vários homens trabalhando, alguns
limpando o convés(piso) com escovas, outros subindo no mastro, tem um homem
vindo em nossa direção. Eu sinto muito frio. Parece ser o capitão do navio. Ele
me agride no rosto com um tapa. Debocha da minha tentativa em fugir, ordena que
me levem pra algum lugar. Parece um navio negreiro. Estou sendo arrastado pelo
pescoço, por uma corda, estou com as mãos e pernas amarradas para trás. Eles me
jogaram dentro de um sótão. Parece ter outras pessoas, estão assustadas, tem
crianças, muitas pessoas parecidas com índio, pele marrom, cabelo curto.
Crianças no colo de algumas mulheres. Sinto vontade de chorar. Não entendo o
que está acontecendo. Alguém entrou no sótão e me deu um chute, tá falando
alguma coisa, mas não entendo o que ele fala. Manda todo mundo se afastar.
Chuta meu rosto. De novo... De novo... Tiram as cordas, me amarram abraçado de
joelhos a um troço, parece uma coluna de madeira. Estou sendo chicoteado. As
pessoas me olham assustadas, os homens que me levaram até o sótão estão rindo.
Sinto falta da minha esposa e dos meus dois filhos. A dor de não tê-los perto
de mim parece maior que a dor da agressão sofrida naquele momento. Eles saíram
do sótão. Uma mulher que estava no sótão se aproxima, pra ver se estou bem, mas
não pode fazer nada. Eu sinto muito frio, sinto uma pressão no pescoço, parece
que está amarrado, sinto como se estivesse com as mãos e o pescoço amarrado à
coluna de madeira... Dói na parte de trás do pescoço próximo a cabeça... Uma
criança muito pequena, de uns três anos, se aproxima de mim, passa a mão no meu
braço, fala algo, mas não entendo a língua dela. Estou com fome... Os homens
voltaram. Estão próximos de mim, parados... Sinto um homem se aproximar, parece
o capitão... Me chuta. Esta pisando na minha cabeça pressionando-a contra o
tronco, falando algo... Manda me soltar. Tiraram as cordas das minhas mãos.
Estou fraco. Dois homens estão me carregando pelos braços. Algo aconteceu. Tudo
ficou escuro, parece que desmaiei. Só escuto as vozes... Minhas vistas estão
voltando. Estou preso em uma berlinda, só consigo ver o piso do navio e um
balde abaixo da minha cabeça. Começo a recordar, eu e minha esposa, estávamos
sentados com a fogueira acesa, era um momento de reunião do povo da tribo,
quando os homens armados chegaram, saíram do meio da mata... Alguns da minha
tribo tentaram fugir, alguns reagiram, eu vi muitos caindo no chão feridos,
estou muito nervoso... Não sei o que fizeram com a minha família. Nem com o
restante da minha tribo.
Sinto
que o barco parou. Estou com medo. Escuto crianças gritando e mulheres... Não
entendo. Onde estou preso parece ter mais mulheres e crianças, não vi nenhum
homem. Onde estou é molhado, escuro... Alguém se aproxima por trás, enfia o
dedo nas feridas das minhas costas, dói muito, eu choro... Ele me olha de um
jeito muito desprezível. Parece ser outro homem, não é o capitão, parece ser um
homem diferente, com as outras roupas, carrega uma faca longa na cintura, tem
uma roupa mais simples, camisa branca surrada, calça escura e bota. Ele está me
observando, disse algo que não entendo. Saiu de perto de mim. Tem alguém
próximo, está com muita raiva, está gritando, me chuta, está me segurando pelo
cabelo, olhando nos meus olhos com muito ódio, saiu... Alguém entrou novamente.
Está me soltando. Eu caio no chão, ele passou a corda nos meus braços, estão
amarrados pra trás, passou uma corda por debaixo dos braços próximo as axilas e
deu um nó na altura do peito, está me puxando, eu ando com dificuldade, estou
meio tonto, a luz do Sol bate, bate com força... Ofuscando a minha visão. Estou
descendo umas escada de madeira, parece um porto. Existem muitos sacos, parece
que só restava eu no navio. Existem carroças. Parece um local onde as pessoas
se reúnem, os comerciantes. Parece um mercadão. Me amarrou em um tronco.
Existem muitas pessoas trafegando no local, mulheres, parecem burguesas, roupas
diferentes. Alguns me olham como se eu fosse uma mercadoria. Um homem velho se
aproxima, barba branca, chapéu, bota, muito refinado. Parece que ele quer me
ver. Pediu para abrirem a minha boca, agora pediu para abrirem meus olhos
direito. Esta conversando com o homem que abriu minha boca, o mesmo que enfiou
o dedo na minha ferida no navio. Que eu não conheço. O homem velho foi embora.
Estou me lembrando das agressões. Do momento que fui pego... Sinto alguém
pisando nas minhas costas e me amarrando. Vejo um homem incendiando a cabana da
minha tribo... Retorno pro ambiente em que estava amarrado, o Sol está quente,
existem cavalos amarrados próximos a mim. Outro homem se aproxima, acompanhado
de uma mulher jovem, com vestido bonito. O homem é mais novo, aparenta uns 38
anos, usa terno cinza claro, chapéu, bengala, a moça com um guarda chuva feito
de tecido. Parece que está falando sobre mim. Pede para me soltarem. Parece que
entregou algo a este homem que tinha me amarrado, está assinando um papel,
'amarronzado' e escuro. O outro homem acabou de me pegar, está me levando pra
carruagem. Me fez subir uma escada de madeira, parece uma gaiola feita de
madeira ou de ferro, não sei... Existem mais quatro homens negros sentados.
Eles estão calados, começo a chorar. Sinto que não vou retornar mais. O homem
me força a sentar. Não entendo o que está acontecendo, para onde estou indo...
Os homens que estão próximos de mim são diferentes de mim, tem traços
diferentes, são negros, um deles é muito forte, porém todos estão com semblante
de tristeza, amarrados com as mãos pra trás, estamos sendo transportados por
outro homem que não é o de terno, numa carroça com dois cavalos brancos.
Estamos saindo da cidade e entrando numa estrada de chão... Vejo algumas
árvores, gramado, paisagem muito diferente de onde eu vim. Parece um vale.
Casas pequenas, muito distantes... Paramos em uma porteira. O homem desceu pra
abrir. A carroça está entrando. Vejo algumas negras com roupas diferentes,
trabalhando, alguns bem próximos da estrada nos olhando, como se fôssemos
novidade, porém com o olhar de desconfiança. Paramos próximos à construção, o
homem de terno está descendo a escada e está se aproximando. Aponta pra mim e
fala alguma coisa. O homem que me colocou na carroça me pegou, está me tirando
da carroça. Eu tenho medo, não sei o que vai acontecer... Tá me levando pra um
lugar afastado da casa. Estamos atravessando uma plantação. Ele está me
amarrando, parece um pedaço de madeira com correntes e corda. Me trancou com um
cadeado e saiu. É final de tarde. Ele voltou, soltou as correntes, tá me
levando de volta. Minhas pernas estão fracas. Chegamos num local, parece uma
casa feita com ripas de madeira, com galhos, afastado, acabou de me empurrar
pra dentro. Tem outras pessoas, homens e mulheres... Negros. Alguns estão
deitados em algo que parece palha. Estão vestidos apenas com uma calça simples.
As moças me olham assustadas. Eu me isolo num canto. Anoitece, mas eu não
consigo dormir, fico pensando na minha família, em tudo o que aconteceu...
Lembrando do navio, das pessoas que estavam lá, eles estão dormindo, eu estou
sentado em um canto. Passando a mão na cabeça. Não quero ficar ali, quero ir
embora. Começo a chorar novamente.
O
dia amanhece, um homem abre a porta gritando. Ele carrega um chicote na
cintura, uma blusa clara entreaberta, calça marrom, bota e chapéu. Tem um
semblante muito pesado. Ele só fala gritando. As pessoas estão saindo. Ele olha
pra mim e grita, eu não entendo o que ele está falando, tirou o chicote da
cintura, arremessou na minha direção, eu levanto e ele faz sinal pra eu
sair...ao passar por ele, ele me chuta, gritando. As pessoas estão indo pras
plantações. Eu não entendo o que tem que fazer. Uma moça sinaliza pra eu fazer
o que ela está fazendo, faz mímica de como devo fazer, eu entendo, começo a
repetir o que ela está fazendo. O homem do chicote foi embora. Parece uma
plantação de grãos. Existem corredores nesta plantação. Com folhas verdes
escuras com bolinhas vermelhas e pretas(pode ser café). O dia está anoitecendo,
estou com muita fome. O homem aparece novamente gritando, parece que chegou a
hora de retornar. Ele olha pra mim com muito desprezo e me chuta novamente. Um
outro homem negro olha pra mim, eu entendo que ele quer que eu entre na fila de
cabeça baixa. Esse homem está nos acorrentando, estamos caminhando em fila
indiana. Ainda não entendo o que eu vim fazer. Não entendo por que aquelas
pessoas de cor e roupas diferentes não trabalham, não entendo por que só a
gente trabalha. Notei que não existem crianças com a gente. Ele tirou as correntes,
saiu. Dessa vez não estamos na casa de madeira, estamos em círculo, parece uma
fogueira. O negro mais velho fala algumas coisas, mas eu não entendo. Alguns
riem, outros estão tristes. O homem velho pede pra gente entrar na casa de
madeira. Me pus no canto de novo. Não consigo parar de pensar em tudo o que
aconteceu. O dia amanhece. Estou muito exausto e fraco. O homem entra na casa
de madeira de novo, gritando. Estou tonto. Ele olha pra mim de novo, me segura
pelo braço e me empurra pra fora da casa de madeira. Ele está falando algo, mas
não entendo. Chegamos no local da plantação novamente. Estou carregando um
cesto grande nas costas, com muitos grãos dentro, está pesado. Esse homem se
aproxima, manda eu tirar o cesto das costas, ele acorrentou minhas mãos e
pernas. Está mandando eu andar. Saímos de dentro da plantação. Sinto uma leve
dor na altura do rim direito. Estamos num lugar isolado. Só tem árvores. Estou
ajoelhado. Ele está passando alguma coisa em mim, está me cortando... Dói
muito, eu choro... Ele grita comigo, me empurra com os pés. Mandou eu me
levantar, eu não consigo, estou muito fraco. Ele grita... Começou a me chutar,
gritando. Amarrou uma corda no meu pescoço. Tá me puxando, consegui levantar
com dificuldade, minhas costas dóem muito. Meus pés... Estamos chegando perto
da casa de madeira. Ele me empurrou pra dentro, eu não consigo me equilibrar e
caio. Uma mulher se aproxima de mim, já é velha, pediu pra outros homens me
levantarem e me colocarem deitado em uma das palhas, com as costas pra cima.
Pediu ao negro mais velho alguma coisa. Ele traz umas folhas, olha pra mim com
olhar de que eu ainda vou aprender as regras daquele lugar. Coloca alguma coisa
no meu braço direito, dói muito... Dói muito... Ela saiu. Não consigo me mexer,
meu braço dói muito... Sinto como se tivesse rasgado.
Estou
lá fora, com um cesto nas costas, não sinto mais o braço direito, ele foi
amputado, vejo algumas cicatrizes na barriga, tenho estatura magra. As pessoas
são diferentes, não é mais a negra que me acompanhava. Tudo ficou escuro...
Estou deitado dentro da casa de madeira, estou sozinho. Parece que estou
doente. Meu corpo dói muito. Recordo da última vez que beijei minha esposa,
imagino como estão e onde estão meus filhos, sinto uma tristeza muito profunda...
Não entendo por que tudo isso está acontecendo comigo. Não entendo por que
ninguém faz nada. Não entendo por que ninguém reage.
Ficou
tudo escuro novamente... Não sinto mais meu corpo. Alguém se aproxima. Estou em
um ambiente muito claro. Tudo é branco, não tem objetos. Parece um ambiente
vazio. Onde tudo é branco. Meu corpo não dói mais... Sinto só um pouco de dor
nos meus braços, os antebraços pesados... Um rapaz de cabelo curto, pele um
pouco morena, com a roupa branca, se aproxima de mim e me diz que não preciso
mais sentir as dores... Elas ficaram para trás. Está me dizendo que minha
família está bem, que eles foram comprados por outro fazendeiro. Minha esposa
está trabalhando na casa e meus filhos estão bem. Me convidou para o acompanhar
até outro ambiente. Pra mim é tudo confuso. Meu braço está de volta. Não tenho
mais cicatriz. Mas ainda me sinto um pouco pesado. Existem várias macas, com
várias pessoas, pediu para eu me deitar e aguardar. Uma moça se aproxima de
mim, diz que eu receberia todos os cuidados, naquele ambiente todos estavam
para ser ajudados, não precisava ter medo de nada. Sinto meu corpo ficando
leve... Estou bebendo algo. O outro homem se aproxima sorridente. Me dá os
parabéns pela minha experiência. Me pergunta se estou bem. Eu disse que sim. Me
pergunta se quero conhecer novos lugares, eu disse que sim. Me levanto da maca,
estou acompanhando... Estou num corredor... Estou diante de um jardim. Parece
uma praça. Coração disparado. O rapaz vem correndo me abraçar, muito feliz de estar
me vendo. Ele me conhece como "Vitor", perguntou se eu estava bem.
Estou me sentindo bem... Mas pareço ser novo naquele ambiente. Ele me fala algo
sobre a Índia, senti uma leve pontada no peito. Estou ansioso pra ver minha
esposa, desejando que ela retorne logo. Ele disse que quer me mostrar outros
lugares. Estou muito empolgado. Eu acho tudo bonito, mas ainda sinto saudade.
Escuto uma voz falando comigo. Parece telepaticamente. Diz pra eu retornar.
Saio desse local e entrei num corredor novamente, a moça que me acompanhava
disse que havia recebido a orientação de me colocar de volta na maca. Tinha
algumas crianças caminhando no corredor, estão felizes. A moça me oferece a
oportunidade de ajudar outros, como uma forma de ocupar a minha mente. Eu perguntei
o que eu poderia fazer, ela me direcionou pra uma sala, pediu pra eu me sentar
e buscar pensar em tudo o que fosse bom, em todos os momentos felizes, desejar
o bem a todos aqueles que eu pudesse guardar alguma lembrança. Fechou a porta.
É uma sala toda branca. Estou sentado, com roupa toda branca, me sinto bem,
pensando coisas boas. Sinto meu corpo ficar mais leve. Sinto euforia,
felicidade indescritível. Como há muito tempo eu não sentia. A mulher abriu a
porta e me chamou. Estamos caminhando no corredor e entrando em outra sala,
nessa sala foi aberto um telão ,estou vendo tudo o que fiz. Estou vendo tudo o
que senti, estou vendo o que a minha esposa, quando não era minha esposa(quando
estava fora do corpo físico), e que ela foi apenas uma pessoa que se propôs a
caminhar comigo, estou analisando o que eu fiz e o que eu senti, sinto que
poderia mudar alguma coisa. O homem me chama para ir a outro ambiente. Eu sinto
como se tivesse dentro de outro corpo. Um corpo mais jovem, mais leve.
Compreendo tudo o que está acontecendo. Estou vendo a minha esposa na maca,
estou ajudando ela a se recompor, vejo que ela está melhor que eu quando
cheguei. Não falei muita coisa, ela precisa de um tempo...
Ela
já está bem. Estou planejando uma nova vida... Mas ainda não decidi aonde,
fiquei muito curioso com o que o rapaz me disse sobre a Índia.
Sinto
como se eu estivesse dormindo. Eu tenho a impressão do que eu poderia melhorar,
mas não está claro. Eu sempre me vejo no canto, sentado. Isolado... No canto.
Sinto que me comunicava pouco com as pessoas, na casa de madeira. Estava
sempre meio pé atrás com elas. A única coisa que eu sabia delas era o que eu
via. Sinto que se eu tivesse conversado mais e me relacionado com aquelas
pessoas, talvez não teria sofrido tanto.
Está
tudo escuro..
Me
sinto bem. Não sinto mais (as dores), sinto só uma leve saudade e um desejo de
fazer diferente...
(2ª
vida)
Muitas
velas acesas... Vendo homens com túnica pretas, estão alinhados em uma
fileira... Erguem uma taça como se fosse um ritual religioso. A imagem
paralisou. Minha mente está adormecendo de novo... Onde estou está escuro (é
noite), visualizo algo parecido com uma embarcação em um rio bem distante, só
dá pra ver as luzes. Estou sentado. Carrego um arco e flecha nas costas, sinto
que estou caçando algo. Estou na beira da água, observando as pegadas de algum
animal. Escutei um barulho na mata, saio correndo, estou correndo muito rápido
entre a mata, pareço ter encontrado algum animal. Escuto o som de outros.
Parecem estar caçando junto comigo. Parei de correr, o animal caiu numa
armadilha, estamos felizes. Muito felizes. Eles não usam roupa, têm cabelo
pintado de vermelho. Pele escura, morena, pintada, estamos nos aproximando do
buraco que o animal caiu. Estou frustrado, achei que era outro animal, mas é um
leopardo. Nós não comemos leopardo. Estou pensando como iremos soltá-lo. Um dos
homens teve a ideia de fazer uma escada, jogá-la dentro do buraco e sairmos do
local. Voltamos pra aldeia. Estão nos perguntando se caçamos algo. Mas não
respondemos. Estão nos olhando com se fôssemos fracassados. O outro diz que vai
conseguir caçar no próximo dia. Existem algumas mulheres gestantes. Eu brinco
com as crianças, converso com os demais, mas o sentimento de impotência é muito
grande, por não ter conseguido caçar. O chefe da aldeia disse que eu só seria
aceito na tribo de caçador quando caçar. Se eu conseguir caçar.
Saímos
pra caçar no dia seguinte. O dia está escurecendo, não conseguimos encontrar
nada. Estou correndo no meio da floresta, estou muito triste. Estamos voltando
pra aldeia, me sinto envergonhado. Despistei meus amigos e mudei de caminho. Me
escondi em uma caverna, fico pensando no que as pessoas da aldeia estariam
falando do meu fracasso. Estou refletindo em sair da minha tribo. Sinto que
estava correndo e me joguei de cima de um bico de rocha (sinto o momento em que
caí e tudo ficou escuro).
Estou
em um ambiente escuro. Muitas pessoas gemendo, gritando, minha mente está
conturbada. Me vejo com uma flecha na mão, um arco e flecha, mas quando vou
arremessar a flecha no animal, a flecha desaparece, a ideia de fracasso
retorna. Estou com fome. Um animal deita ao meu lado, eu não consigo matá-lo..
Me sinto incapaz. Estou deitado numa lama, é tudo muito escuro, cinza... Sinto
um javali grande me comendo. Estou pensando que fui incapaz de caçar qualquer
animal, mas eles conseguiram me caçar, penso que sou muito fraco. O javali
desapareceu. Meu braço direito tá doendo. Não consigo entender onde estou. A
única coisa que sei é que sou um caçador fracassado. Vejo uma flecha
atravessando o céu. Uma flecha branca. Me lembro de quando era criança, quando
comecei a arremessar minhas primeiras flechas, eu era muito bom naquilo, mesmo
assim fui incapaz de caçar. Meu braço e meu ombro direito estão doendo. Alguém
me puxou pelo outro braço, parece estar me arrastando, me levando pra outro
lugar. Estou semiconsciente. Não consigo ver, mas eu sinto que estou em
numa encubadora. Estou com os olhos vendados, mas consigo sentir. Meus braços
estão atrofiados. Estou todo enfaixado, a sensação... Não penso mais tanto na
minha tribo, estou tentando entender aonde estou. Não sei como vim parar aqui.
O braço direito dói muito. tenho a sensação de ter um osso fraturado. Alguém
está se aproximando. O som é abafado. estou começando a me sentir melhor.
Tiraram as vendas dos meus olhos. Estou com um suporte nos braços. Meu corpo
está mais leve, mas meus braços continuam pesados, doloridos... Alguém se
aproxima. Me diz que em breve ficarei bom. Não entendo por que meus braços doem
tanto.
Tem
muitas pessoas caminhando onde estou, eu chamei um rapaz e pergunto por que
estou sentindo tanta dor nos braços, ele disse que meu sentimento de
incapacidade, meu sentimento de não lutar produziu nesses locais, não sei
descrever o nome, mas parece ser um tumor energético. Ele me disse que ainda
vai levar um tempo até eu me recuperar. Já sinto os dedos das minhas mãos. Umas
pessoas vêm brincar comigo, me fazem sorrir, pedem pra eu dar as boas vindas à
minha nova vida. Estou olhando meus braços, nem parecem mais os mesmos de
quando eu cheguei... Pergunto se já posso me levantar. Ele diz que não. Sinto
que existe uma espécie de capacete na minha cabeça. O moço me explicou que
ajuda a canalizar os pensamentos ruins para outro ambiente e são desintegrados,
para evitar que o ambiente seja contaminado, e que eu deveria buscar não pensar
mais, no que eu não havia conquistado, mas em tudo o que eu tinha conquistado.
Estou refletindo. Estou recordando quantas vezes eu ajudei meu pai nas tarefas
da tribo, quando fui destaque entre todos da minha tribo no início, por isso
havia sido escolhido pra ser caçador. Um cara ágil, forte, que era bom. Estou
me sentindo melhor...
Estou
caminhando, uma garotinha me acompanha, segurando a minha mão direita, está me
levando para um parque, onde há várias crianças, todas brincando felizes.
Começo a observar a beleza, estou esquecendo de tudo o que passou... Estou me
sentindo leve... Sinto meu corpo flutuando... Vejo as crianças de cima pra
baixo. Estou feliz... Estou voando. Vendo tudo de cima. Sinto que já posso
retornar...
Aprendi
que não devo me cobrar demais, a expectativa pelo desejo dos outros, de
alcançar, respeitar meus limites e possibilidades, evitar sempre o isolamento,
pois não foi benéfico pra mim...
Ainda
não faço nada disso, apenas acompanho crianças... Sinto desejo de conhecer
coisas novas, de fazer diferente numa outra oportunidade. Vejo nas crianças os
traços que faltaram em mim, elas não possuem vergonha, não se isolam, brincam,
conversam, não se deixam levar pelos desejos dos demais, apenas vivem e são
felizes. As crianças têm me mostrado muitas coisas, coisas que eu não
havia observado. Agora estou escrevendo num caderno, parece uma agenda, sobre
as experiências que vivi e sobre o que quero. Estou escrevendo o nome do que
chamamos de Turquia. Mas não sei o que estou escrevendo. Sinto coisas boas ao
escrever, sinto que há esperança de transformação. Sou grato por tudo o que
aprendi até aqui. Sou grato por tudo. Sinto que ainda devo permanecer um tempo
aqui, até estar capaz de retornar a uma nova vida. Sinto que dessa vez levará
um tempo até retornar, devido ao que cometi na última vida (suicídio). Não
sinto nenhum peso, nem remorso, nem tristeza, mas sinto aprendizado. Sinto que
as pessoas que eu tinha como família antes estão em outros planos, não sei
descrever muito bem onde estou... Parece um monastério, mistura de escola com
hospital, um ambiente muito agradável. As portas de acesso ao pátio principal
têm um formado em seu topo de Elipse, paredes parecem ser feitas de argila,
tudo muito natural. Escuto uma voz dentro da minha cabeça dizendo que eu
preciso me deslocar para um outro ambiente. Estão pedindo pra eu estudar sobre
os traços da personalidade humana, para que eu possa, ao retornar, não ter mais
tanto conflito.
Sinto
que alguém quer me dizer algo. Pra eu observar os sinais, mas sempre
avaliá-los, antes de tomar qualquer decisão. Disse que já tem o suficiente para
analisar e refletir, sobre a forma que estou sendo, que estou repetindo os
padrões novamente e que devo ser... Que eu continue no caminho que estou
caminhando, por mais difícil que possa ser, que eu não me sinta mais uma vez
incapaz. Tou bem demais."
Nestas
duas visitas ao passado, Leonardo percebeu sobre sua antiga tendência ao
isolamento, ao medo, à superficialidade das relações, à tristeza, à
autocobrança, ao repetir incessante de pensamentos negativos sobre si mesmo,
sobre a vida, sobre os outros. Ele estava conectado inconscientemente a estas
duas existências, que fortaleciam maneiras de funcionar de sua personalidade,
na vida atual. Ao mostrar estes traços de personalidade a Leonardo, os Mentores
tinham a intenção de lhe sinalizar sobre sua proposta de Reforma Íntima, para
trazer um pouco mais de luz a este momento atual que está vivenciando.
É
um momento atual em que ele se sente moralmente, intelectualmente e
espiritualmente deslocado da maioria. E isso parece fortalecer a crença de que
precisa continuar se isolando, precisa continuar fortalecendo pensamentos
negativos e pessimistas sobre o que está ao redor, precisa continuar se
cobrando por melhores posturas e resoluções imediatas. Mas é necessário, antes
de tudo, conectar-se à tranquilidade e leveza de seu Eu Superior, compreender
que tudo tem uma razão de ser, que o contato e o convívio com outras pessoas,
por mais difícil que seja, é benéfico para o espírito e que talvez, ele veio
aprender a equilibrar tudo isso e, também, utilizar sua sabedoria espiritual
para auxiliar os que ainda não alcançaram esta compreensão! Dois desligamentos
fantásticos e duas oportunidades de se conhecer melhor e mais profundamente, de
ressignificar tudo o que tem vivido desde que nasceu na roupagem atual, em
especial suas relações sociais e sua autopercepção!
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