Carregando o mundo nas costas

Na atualidade vemos seres humanos com as mais diversas personalidades e tendências de sentimento e comportamento. Muito se queixa em relação aos que têm dificuldades de ter empatia pelo próximo, de realizar ações solidárias e caridosas. Há quem diga que essas são atitudes que transformariam por completo o paradigma do nosso planeta. De fato, é notória a escassez de relações mútuas de compaixão e respeito, às diversidades, às opiniões, aos credos e tudo mais. Mas não estou aqui para falar da ausência ou presença dessas relações especificamente. Estou para falar sobre aquelas pessoas que carregam dentro de si uma anorme vontade de ajudar, de serem úteis, de poupar sofrimentos e por vezes se vêem querendo carregar o mundo nas costas. 
Mas o que há de mau em querer carregar o mundo nas costas? Chegaremos lá...
Pela lógica Reencarnacionista, cada um que se encontra encarnado neste planeta possui um planejamento de evolução pessoal, de reforma íntima. Isso implica em um extenso planejamento do que é preciso viver, para que sejam despertadas as diversas nuances das transformações desejadas. Dentro desses planejamentos, encontram-se, principalmente, dificuldades e desafios que precisamos vivenciar, não só por uma questão karmica, mas para o burilamento das inferioridade que surgem em contato com eles. Encontram-se, também, as diversas relações com outros espíritos, afins ou não, que também nos despertarão diversos sentimentos e comportamentos, bem como poderão ser agentes de nossos resgates e reparos. Tendo isso em mente, é possível imaginar que no nosso planeta exista a mais variada engenharia de evoluções espirituais, pois cada um realmente vive as dificuldades que precisa viver. E nesse planejamento universal, em que cada um vai avançando aos poucos para o seu melhor, várias e várias pessoas se envolvem e se ajudam, muitas vezes inconscientemente... 
Não faz mal ter o sentimento genuíno de querer auxiliar o proximo. Aliás, esse sentimento e esse comportamento são louváveis frente ao que se almeja alcançar em uma evolução espiritual. É o mais singelo gesto de amor e compaixão. Mas o que acontece quando essa mesma pessoa sedenta por ajudar se sintoniza com sentimentos negativos como o desespero e a desesperança, afetando toda uma encarnação, que poderia ser mais leve, menos preocupada e mais focada nos problemas individuais?
Ora, mas não seria egoísmo pensar que tudo o que viemos fazer é cuidar de nossas próprias encarnações? Talvez. Não digo que essa deveria ser nossa principal preocupação. Não. Temos um compromisso com o mundo, com diversas oportunidades de se fazer o bem, de se fazer a caridade, de estender um braço amigo. Mas nós só podemos caminhar até um certo ponto e com o coração tranquilo, consciente de que estamos fazendo o que podemos e que o outro lado deve ser feito pela outra parte. O que isso significa? Significa que é extremamente genuíno querer ajudar o mundo, mas não adianta querermos carregá-lo nas costas para escalar o Everest. Esta é uma caminhada que a pessoa, por si só, precisa fazer com as próprias pernas, mas isso não significa que não possamos dar as mãos e caminharmos lado a lado, se esse for o seu caminho, ou encher uma garrafa com água e estar a postos para entregá-la no momento da sede. 
No desespero que acomete a população, especialmente a brasileira, percebendo-se tanta coisa irregular, tanto individualismo e tantas injustiças, bate o sentimento revolucionário, a vontade de ajudar e mudar a realidade. Não há nada de errado com isso, mas também é necessário compreender que é um processo pelo qual cada um de nós escolheu passar e tem uma gigante finalidade em nossa caminhada individual e coletiva. Isso implica que sim, somos chamados a desenvolver o respeito e a compaixão, mas não somos obrigados a sentir magoa, rancor ou desespero, pois esses sentimentos também são negativos e também nos sintonizam com algo que queremos vencer. 
Uma maneira análoga de se fazer essa análise é pensar sobre os corações de mãe. Muitas, não diria todas, gostariam de poder segurar os filhos no colo e caminhar por eles, impedindo-os de viver o que é necessário viver. Genuíno o amor e a preocupação, mas apesar de queridos, de eternos pupilos, eles também precisam vivenciar suas vissiscitudes e o máximo que se pode fazer, enquanto mãe, é ensinar a atravessar as dificuldades da vida, ou oferecer o colo quando for o momento de chorar. 
Muitos de nós têm ainda dificuldade de assimilar a importância de se ter amor ao próximo e respeito às mais variadas condições de vida. Outros, ainda têm dificuldade de entender ou por em prática que o amor incondicional envolve, antes de tudo, entender que cada um tem sua cruz e seu tempo e que talvez, uma das maiores demonstrações de amor seja dar espaço para que o outro viva sinceramente aquilo que é necessário, dando-lhe as mãos caso seja oportuno, ou oferecendo palavras que confortem o coração nas estradas esburacadas.
Talvez, quem sabe, estejamos caminhando para uma constatação de que o desespero não ajuda nenhuma caminhada, nem a que se precisa seguir, nem a que assistimos ser seguida. Ao final "está tudo certo" e tudo pode ser mais leve com um amor que tranquiliza, ao invés de um amor que paralisa. 


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