Estudo de caso: a riqueza que trazia tristeza.
Maria Clara é uma mulher bem sucedida em seu trabalho atual, no entanto, viveu algumas situações de vida que a fizeram tomar algumas decisões um tanto quanto inovadoras. Ao se sentir humilhada e desvalorizada por um chefe que cometia assédio moral contra ela, viu-se extremamente decepcionada e resolveu passar um tempo fora do país, respirar outros ares, conhecer pessoas novas e, quem sabe, ser reconhecida por sua inteligência e capacidade, a essa altura já bem estabelecida por um curso de mestrado. Quando chegou neste país, sentiu-se um pouco deslocada pela diferença de culturas. Novamente havia uma situação em que ela se sentia desvalorizada e humilhada: naquela cultura, apesar de ter o grau de instrução que havia conquistado por aqui, sua capacidade era extremamente subestimada, restando-lhe trabalhos que não atendiam suas expectativas e que a deixavam muito chateada com sentimentos de impotência e desvalia.
Retornou ao Brasil com seu novo companheiro, casaram, passou em um concurso público e hoje exerce uma função em sua área de formação: Ciência Política. Gosta muito do seu trabalho e se diz extremamente aplicada, mas recentemente está enfrentando estresse, desmotivação e depressão por se sentir subutilizada, por não se contentar com as injustiças do sistema público. Percebe-se chorosa, revoltada, insatisfeita e bastante desmotivada.
Em uma de suas regressões, acessou, por meio de uma Regressão à Distância -novamente conduzida por Arthur- uma situação em que era uma mulher, caminhando por um enorme salão com colunas gregas ou romanas. Ela possuía muitos empregados, onde ela ia, eles iam atrás. Arthur a vê sentada a uma mesa grande, como num banquete, sendo servida por alguns empregados. Várias pessoas sentadas e ao lado dela um homem, que parecia ser seu marido. Todos estavam satisfeitos, mas ela não. O marido fica bastante incomodado com a feição dela, que demonstrava desprezo pela comida e bebida e recusava-se a comer e beber. Arthur relata que o marido parecia ser muito importante, pela maneira que se portava e cumprimentava os demais presentes, além de um luxo notável.
Um tempo passa e ela vai para o quarto, ainda muito insatisfeita. O marido faz tudo por ela, ela é muito bonita, mas ela não se satisfaz. Ele pergunta por que ela está tão insatisfeita e ela diz que não está do jeito dela. Ele se irrita e diz que tudo sempre está do jeito dela. Discutem. Ele sai irritado para encontrar outras mulheres e ela fica. Ela se sente extremamente sozinha e o culpa por não ter as coisas como ela gostaria. Ela puxa a cortina para olhar o pôr-do-Sol, sente-se cansada, com uma tristeza crônica. Ela acha que ao olhar para o Sol, não enxerga nenhuma beleza e o tempo passa sem que ela perceba. Ela se sente sozinha e tem dificuldades de perceber as coisas que a rodeiam, o lado bom delas, como se tudo tivesse algo errado.
A vida vai passando, naquela riqueza, naquelas jóias e festas e ela aprisionada no sentimento. O marido fala "nossas famílias se reuniram e você foi escolhida para ser minha mulher, mas eu não consigo te fazer feliz." e ela diz "realmente, não há nada que você faça que deixe feliz, é assim que eu sou", um olhar vazio, uma tristeza. Ela sempre acha que os outros são mais felizes.
Ela está em frente a uma penteadeira, duas pessoas vêm pentear seus cabelos. Ela tem a pele branca e o cabelo preto e cacheado. À frente dela há um objeto pontiagudo de diamantes. Ela descobriu como irá terminar com aquele sofrimento. Ela pega o objeto e o atravessa no pescoço. Os serviçais correm, ela não consegue mais falar, mas escreve que agora ela conseguirá ser feliz.
Arthur relata estar vendo um local muito vasto, muito negro. Tudo muito escuro. Parece que passou bastante tempo e ele vê aquela mulher toda deformada. No local em que seria a barriga, há um buraco. A cabeça está pendendo sobre o corpo, aquele olhar triste parece que deformou o rosto e fez uma forma para baixo, as mãos retorcidas, uma corcunda de onde outros seres retiram energia. Ela se arrasta. Ela pensa que o sofrimento parece estar só começando, lamenta-se e se pergunta por que aquilo estava acontecendo com ela. Ela olha pro céu negro e pede uma chance, do fundo do coração. E foi como se naquele momento, depois de tanto tempo, aparecessem outros seres que ela não conseguia enxergar e a carregaram. Quanto mais eles andavam, mais o céu ficava claro. Parecia estar sendo carregada em uma rede.
Muito tempo se passou e ela conseguiu se ver direito. Não há mais buracos pelo "corpo", já não sente mais proximidade com aquele lugar, parece que foi um sonho. Ela " acorda" e não sabe onde está. Alguns amigos se aproximam e explicam que ela passou muito tempo se recuperando e que ela poderia relembrar tudo em breve. Somente ali ela relembraria que não existe só tristeza. Ela deitou e foi como se passassem um gel nos ferimentos, fazendo preces e aos poucos ela foi retornando à forma.
Passa um tempo, ela está caminhando em um local em que algumas borboletas voam. Ela consegue ver no céu claro algumas estrelas. É chamada por um amigo e começam a ver o planejamento da vida que acabara de terminar. Ele diz que nessa vida ela teve tudo do bom e do melhor, para que ela tivesse a oportunidade de se livrar do pessimismo e da tristeza crônica. Ela havia escolhido vivenciar isso, para superar essas fragilidades com leveza. Mas a partir do momento em que quis tirar a própria vida, o espírito perdeu a forma natural e se abriu para uma realidade muito difícil, onde vibram os suicidas. Ele diz que tanto naquela vida quanto nesta, há a oportunidade de ver esses pensamentos que a levam para o abismo de sua própria consciencia, o que é uma tendência de sua personalidade. Ele ainda a tranquiliza e diz que depois da vida atual, ele estará lá novamente, para reverem todo o planejamento desta vida, "fazer o balanço".
Ela criou consciência de sua situação e sentiu-se encantada com as palavras de seu Mentor (às vezes as mensagens são tanto para aquela vida quanto para a atual). Ele completa dizendo " todos têm as chances que precisarem".
Nesta oportunidade de desligamento, Maria Clara pôde perceber, por um novo prisma, que alguns de seus sofrimentos podem ser apenas uma maneira de enxergar o que é necessário ser vivido e o que ela, provavelmente, escolheu viver por algum motivo. As situações atuais que ela vive poderiam estar funcionando como gatilhos para ela se sentir frequentemente insatisfeita, infeliz, com uma tristeza crônica. Mas se em espírito, tendo a consciência de toda a sua trajetória evolutiva, escolheu vivenciar desafios que seriam chaves para a reforma íntima, talvez visualizar essas oportunidades como benéficas ao próprio avanço possa mudar profundamente sua realidade.
Grata por compartilhar Ana bjs!!!
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