Ego X Personalidade Congênita

Segundo a Psicologia e a Psiquiatria tradicionais, a personalidade é um conjunto de características pessoais que cada indivíduo carrega, desenvolvendo-se na infância, a partir de interações sociais, culturais e acontecimentos diversos. Essas características trazem informações acerca do funcionamento mental da pessoa diante de diversos contextos, traços e padrões de conduta que individualizam o sujeito. Para Freud, por exemplo, a mente humana é composta por três instâncias,: Id, Ego e Superego. O Ego, a instância que caracteriza o "eu", parte consciente e parte inconsciente, é o resultado de diversos processos psicológicos vivenciados desde o nascimento, a partir de interações familiares (principalmente). Realizando uma análise do Ego, além de outras análises das outras instâncias psicológicas, é possível conhecer a personalidade de um indivíduo, descrevê-la, compreendê-la e prever comportamentos.
Quando se pergunta a uma pessoa "quem você é?", colhemos informações acerca de visões conscientes que ela tem sobre si mesma, dizemos que ela está descrevendo seu Ego. Parece ser uma tarefa fácil, já que essa descrição está pautada no conhecimento que a pessoa tem acerca de si, levando em consideração toda a sua história de vida desde o nascimento. A consciência dessa existência, no entanto, por vezes associa traços de personalidade a acontecimentos passados que se situam na vida atual. Ou seja, grande parte de nós situa traços de personalidade em situações vivenciadas na existência que conhecemos, a que lembramos, a que se dá como o "eu" que reconhecemos. Por exemplo, uma pessoa pode se definir como tímida por ter vivenciado situações que a fizeram se isolar e temer más interpretações dos outros.
Segundo a Psicoterapia Reencarnacionista, que assume a reencarnação como viés teórico, a personalidade é um conjunto de características pessoais que o espírito carrega. Isso significa que cada um de nós, em existência espiritual, carrega traços de personalidade duradouros, já que a "idade espiritual" é muito mais longa do que as idades assumidas pelas personas nas quais encarnamos. Mas por que precisamos reencarnar? Para aperfeiçoarmos traços inferiores de nossa personalidade, a fim de que possamos evoluir e ascender cada vez mais, burilando nossas dificuldades, dissipando sentimentos e pensamentos negativos, assumindo opostos que nos fazem mais amorosos, mais sutis, mais próximos da plenitude. Isso é o que denominamos Personalidade Congênita: características que carregamos em nosso espírito, que vêm muito antes de nascer, que se manifestam quando entramos em contato com situações e pessoas com as quais nos deparamos ao encarnarmos mais uma vez.
Qual a grande diferença prática entre a personalidade assumida pela Psicologia e Psiquiatria e a Personalidade Congênita assumida pela Psicoterapia Reencarnacionista? Quando assumimos que somos a nossa persona, ou seja, que somos aquilo que caracteriza nosso Ego (ex.: mulher, branca, 33 anos, filha de fulano, mãe de ciclano...), vivenciamos o que denominamos de "ilusão das cascas". Atribuímos nossa personalidade a fatos vivenciados na encarnação atual, justificamos nossos pensamentos e sentimentos negativos utilizando acontecimentos que nos provocam isso, por vezes nos sentimos vítimas de pessoas e situações e assim os anos se passam e continuamos a manifestar nossas inferioridades, com o foco em viver dia após dia, sem o compromisso de compreender os motivos pelos quais vivenciamos tal ou tal situação desafiadora. Assim, a personalidade focada no Ego não trabalha os motivos pelos quais vivenciamos o que vivenciamos. Às vezes passamos uma encarnação inteira manifestando sentimentos e pensamentos inferiores - que nos propomos a modificar, através da reforma íntima- por darmos motivos e justificativas externas para nos sentirmos ou nos comportarmos assim. Com a Psicoterapia Reencarnacionista o foco "vira do avesso", somos instigados a nos perguntar por que vivenciamos certas situações repetidamente, por que convivemos com pessoas que nos afloram sentimentos e pensamentos inferiores, por que escolhemos uma família com características específicas. Ou seja, assumimos que não somos a persona que conhecemos, ESTAMOS a persona que conhecemos, com o objetivo de evoluir e diminuir nossas inferioridades. Assim, ao assumirmos o viés da Personalidade Congênita, somos capazes de nos emponderarmos, compreendermos os verdadeiros motivos de estarmos aqui, diminuímos nossa vitimização, compreendemos por que planejamos ou pedimos pessoas e situações em nossas vidas, descobrimos que esses "traços de personalidade", na verdade, vêm há anos se manifestando em outras existências, pois fracassamos repetidamente em compreender o verdadeiro motivo de estarmos retornando, sempre justificando nossos erros por influências externas. 
A Personalidade Congênita nos mostra, então, que estamos na persona que conhecemos para trabalharmos certos traços inferiores e isso só é possível entrando em contato com situações e relações que afloram essas inferioridades. Para isso planejamos onde nasceremos, com quem nasceremos e algumas situações importantes que poderemos vivenciar, no intuito de "provocarem" a manifestação de nossas dificuldades, a fim de trabalharmos e evoluirmos cada uma delas. Se planejamos evoluir e trabalhar uma tendência a se magoar, a se isolar e a se vitimizar, podemos escolher, por exemplo, encarnar em uma família que possui relações delicadas, que automaticamente nos fariam sentir magoados, com vontade de nos isolarmos, fugirmos dessas relações e nos sentiríamos vítimas a vida inteira. Se olhamos pelo viés da reencarnação, compreenderemos que isso foi planejado e poderemos nos perguntar o que, verdadeiramente, precisamos aprender com isso. Entretanto, é em contato com essas inferioridades que poderemos trabalhá-las internamente, para que elas se dissipem e seja possível evoluir nesses quesitos. Enquanto um traço não for trabalhado e abandonado, ele continuará sendo aflorado pelas situações que vivenciamos, que denominamos gatilhos. 
A oportunidade de refletirmos sobre nossas inferioridades é um presente. Enquanto estivermos realizando um exercício consciente de nos vigiarmos em sentimentos e pensamentos negativos, estaremos muito próximos de dissiparmos sofrimentos que se repetem e que na verdade nos sinalizam aprendizados e mudanças. É com a mudança de pensamentos que modificamos sentimentos e, assim, independente da abordagem escolhida, é possível alcançar plenitude e bem estar.

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